terça-feira, 30 de agosto de 2011

Seu Tim.

Bela, acabei de ler uma crítica do espetáculo Vale Tudo, escrito pelo Nelson Mota, baseado na biografia do Tim Maia, também escrita pelo Nelson, protagonizado pelo Tiago Abravanel, que dizem é emoção pura! E minhas lembranças saltaram de paraquedas bem aqui no meu cotidiano tão previsível. Houve um tempo que passávamos, invariavelmente, os natais com minha sogra no Rio, lá no Flamengo e logo após íamos para a Barra, onde tínhamos um apartamento; as crianças, ainda, eram crianças! E gostavam de passar férias com a gente. Neste prédio éramos vizinhos de Tim Maia, alguns andares acima do nosso apartamento, era uma figura comentadíssima no prédio, sempre tinha alguém com alguma história a respeito dele para contar, e era verdade sim, que ele queria ser nosso síndico, vivia as turras com o síndico por isso; uma vez ele sugeriu que separássemos o prédio em dois, uma parte seria administrada pelo síndico e a outra por ele, e estava falando sério! Um dia escutando W/Brasil comentamos - o pai e eu - com as crianças que este síndico que a música falava morava no nosso prédio e se chamava Tim Maia, e euzinha, do alto da minha sapiência de mãe, decretei: " Não quero nenhum de vocês de papo com ele ou aceitando qualquer coisa que ele oferecer, ouviram?" "Claro mãe!" Quando chegávamos no apartamento, por ele ficar fechado por muito tempo, era necessário abrir para arejar e limpar tudo; terminada a faxina, supermercado! Sempre iam o pai e os meninos e as meninas ficavam comigo, neste dia pediram para ir na casa de uma coleguinha no andar acima, deixei. Super ocupada, colocando tudo nos lugares nem percebi o quanto estavam demorando, quando já a noitinha elas chegam com dois LPs, é LP sim! Do Tim Maia; " Onde vocês arrumaram esses discos? " "A gente tava lá na casa dele!" "Como assim?" " A gente foi lá com a coleguinha conhecer ele!" Pânico geral!!! Minhas menininhas na casa do Tim Maia! Meu Deus! "Quero saber como foi tudo, contem-me e não me escondam nada, agora!" "Apertamos a campanhia e ele atendeu a porta, dissemos que viemos conhecer o seu Tim!" Ele mandou a gente entrar e pediu para a mulher dele servir muito sorvete para nós, mãe ele é muito legal! Sentamos na sala conversamos bastante e ele deu um monte de disco para nós, que nós fomos colocando por baixo das portas, só sobraram esses dois; porque a senhora não queria que a gente conversasse com ele? Ele é muito legal!" Como explicar tal coisa para duas garotinhas de 8 e 9 anos, que estavam encantadas com a elegância e hospitalidade do seu Tim? Como explicar que a tarde agradável e divertida que elas tinham passado na companhia dele e da mulher, era algo que não deveriam fazer? Expliquei, sem sapiência nenhuma, de forma capenga... e dei por encerrado o assunto. Pois é, minhas filhas tiveram o privilégio, claro que com um pouco de temor digo isso, de conhecer o lado familia do Tim, e tão encantado que ficou com a visita delas. Um dia quando o encontrei no elevador agradeci a maneira como ele as recebeu e pedi desculpas pela desfaçatez delas. "Nada, adorei, que elas voltem quando quiser, lá em casa sempre tem sorvete!" "obrigada" "Até logo" E pensei... melhor não! Uma visita está de bom tamanho. Este é um lado do nosso síndico - que nunca elegemos - mas gostávamos muito de saber que ele estava por ali. Os dois discos? Até hoje não sei o que foi feito deles! Elas devem ter colocado por baixo de alguma porta. Vale Tudo né seu Tim? Vale até o que vier! Se não valer...chame o síndico! Beijos

sábado, 27 de agosto de 2011

Nova realidade! Moderna?

A partir da entrada da mulher do meu ex marido, pela primeira vez, na minha casa e da convivência com o irmãozinho dos meus filhos, a linha que foi tecida ficou mais definida. Permeável? Sim! Mas infinitamente melhor de lidar. A bem da verdade as vezes que a culpei pelo meu divorcio, poucas, eram momentos de grande sofrimento, mas logo a tal realidade nua e crua aparecia; quem me "devia" fidelidade e amor era ele, ele era o meu marido não ela! Se o caso deles antes do nosso divorcio contribuiu para o desfecho do casamento? Hoje acredito firmemente que não! Se não fosse ela seria outra, e lembra? Não existia mais amor e sem amor... Acho até que ela o ajudou a passar o sofrimento,( não acho que só eu sofri, viu?!). Porque deve ter sido muito difícil para ele também, ninguém sai impune de vinte e tantos anos de casados, quatro filhos e netos; deve ter sido muito estranho a primeira vez que ele viu os filhos na nossa casa, com nossas coisas e outra mulher ali, embora fosse a mulher com quem ele estava tentando construir uma nova vida. Muitas lembranças devem ter vindo a tona e com elas ele deve ter sofrido sim! E ainda tinha os filhos! Para se sentir feliz ele precisava que os filhos aceitassem a nova mulher, as vezes penso que o fato de ela ser tão jovem, doeu mais neles do que em mim! Porque isto foi f... precisava ser tão jovem??!!! Coisas do coração! E sozinho ele não conseguiria passar por tudo que estava por vir, ele não consegue ficar só. Mas sabia que só o tempo, sempre ele, se encarregaria de moldar a nova realidade e que todos nós sairíamos não tão machucados deste vendaval todo. O fato de ter uma convivência boa com ela não me faz magnânima, como muitas pessoas pensam! Juro não tenho raiva ou qualquer outro sentimento desta natureza com relação a ela! Uma vez ela me pediu perdão se tinha me causado algum sofrimento, respondi sinceramente, que não tinha nada não para perdoar! Quem de fato me fez sofrer foi ele! Mas até isto já passou, nossa convivência é pacífica e normal, gosto dele como se gosta de um membro da família, aliás, ele é parte importante da minha família; ex marido é para sempre, então é melhor não nutrir ressentimentos. Gosto dele de verdade como se gosta de alguém que fez e fará, parte da minha vida para sempre, não por imposição das circunstâncias, por puro afeto mesmo! Aceito, de verdade, sem sofrimento, sem rancor e as vezes com alguma perplexidade, esta tão nova realidade; no fundo, bem lá no fundinho, acho até que isto é uma nova e moderna família, com todas as peculiaridades que isto implica! E assim caminha a humanidade! Beijos Bela.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Ao vento e ao ... frio!.

Bela, ficamos nós três, meu filho, minha filha e eu. De repente senti que o frio não era somente das temperaturas tão baixas e nem o vento que açoitava minhas janelas, era o que soprava intensamente lá fora! Era na minha alma! Estava ficando gelada e frágil ao menor sopro que pudesse ocorrer. Comecei a enlutar! Enlutei tardiamente, por um amor que não durou uma vida inteira; enlutei pelo esforço imenso de constituir e manter unidos afetos que não poderiam de forma alguma se romper; enlutei, também fisicamente, sentia-me sem forças, aquela força física que te move e faz andar para frente todos os dias; enlutei de saudades enormes da minha casa, a casa que meus filhos nasceram, cresceram, que vivia cheia de amigos, que havia vida pulsante; sentia saudades da reunião com amigos antigos; não sentia saudades do marido, da vida de casada e tudo que vem junto! Sentia falta da família! A família que acabou não ficando junto! Deste ajuntamento sentia muitas saudades! A família estava toda partida! Minha fragilidade diante deste enlutamento tardio ficou evidente; perdi o tesão de trabalhar, sair, fazer novos amigos. Vaidade? Nenhuma. Depressão! Claro! Puta depressão! Vamos aos antidepressivos, afinal euzinha tinha que dar conta, agora nem tanto da vida dos filhos, mas sim da minha própria! Nunca fui de ficar alimentando coisa ruim, não ia ser agora! Devidamente medicada, comecei a vislumbrar um novo horizonte, poderia até não ser o horizonte azulzinho que sonhei, mas já era um começo, mais um! Viva os antidepressivos! Da família "partida" vários núcleos foram se formando; o meu com os dois filhos que, ainda, estavam comigo; o da minha filha, meu genro e minha netinha; o do meu neto e sua mãe; e o do pai com a nova mulher e o mais novo integrante da família, o filhinho deles. Pois é havia mais um irmãozinho para os meus filhos! Eles diziam: estranho a gente ter um outro irmão não é mãe? É, mas ele existe e foi muito, mas muito mesmo, bem vindo! Aliás foi a partir dele que uma linha harmoniosa foi esticada; um dia ele foi levado, pelo pai, até minha casa para conhecê-lo, adorei! Ele é um querido. E soube que a mãe dele estava dentro do carro, estacionado em frente a minha casa. Um sol de 40 graus, "verãozao" bombando! Fui até a janela do carro e a convidei para entrar, muito assustada ela aceitou. E de repente estávamos todos, meus filhos, minha netinha - que o avô tinha trazido junto - meu ex marido, sua mulher e eu, sentados todos ao redor da minha mesa da cozinha, desfrutando de um bom café. Conversamos, uma conversa entremeada de assustamento, mas aos poucos relaxamos, mas só um pouco! Porque a situação era no mínimo inusitada! Nunca poderia me imaginar numa situação assim! Mas, sabe? Conseguimos rir! E a linha estava definitivamente estendida! Beijos.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Desfiando...

Nossas vidas ia passo a passo tomando um rumo inesperado; pessoas saindo, outras entrando e não permanecendo conosco, deixando um rastro de melancolia e saudades; a vida da minha filha e de meu genro não estava nada fácil na bela e santa catarina; meu genro recém formado, tentando de todas as maneiras e da maneira que no momento conhecia, dar conta da pequena família que tinha começado; minha filha muito jovem, recém saida do segundo grau - o vestibular ficou para mais tarde - uma filhinha para cuidar e uma casa para administrar, a grana muito curta, o que deixa tudo muito mais difícil e complicado. Todos ajudávamos, o pai, os pais dele e eu, mas estava difícil o começo! Necessário a providencial interferência do pai, chamando-os para junto dele. Evidente que junto dele as coisas se acomodariam de forma mais estável. E... eles foram embora! Dessa vez chorei...sozinha e em qualquer lugar mesmo! Levaram junto com eles uma grande parte da minha força. Desabei...sozinha! Como sobreviver sem eles perto de mim, sem minha netinha querida, minha pequena "frô de liz", como lidar com mais este afastamento. O outro neto tambem estava tão longe ! Isto tudo eu já colocava na conta das perdas. Meu filho na Itália, meu neto longe, e agora ... um naco enorme de mim estava sendo tirado. Engolhi a seco e aprovei o que eles tinham feito, é claro que sabia ser o melhor para eles, era hora do meu delirio obssessivo de ter novamente uma familia grande e perto de mim parar e encarar a realidade; como disse um dia meu filho: "Que familia é esta mãe que você quer manter, nossa familia já não existe mais!" Existe sim, e acredito nela, pode até não existir nos moldes antigos, mas somos sim uma familia! Respondi de pronto e obstinadamente! Então com o tempo - sempre ele para nos dar alento - fui vivendo a nova realidade com mais serenidade, sabendo que eles estavam bem eu também fiquei! E continuamos , meu filho, minha filha e eu! E minha filha - que estava comigo - acabou a faculdade. Veio o tempo em que ela não era mais uma estudante e também não tinha trabalho. Tempo difícil para ela e muito complicado ... para mim! Muitos nos se formaram, desatamos...muito tempo depois! Com amor não há no que resista por muito tempo! Ele vai se desatando devagarinho, quando se vê ... a linha está retinha e firme novamente! Beijos.

sábado, 13 de agosto de 2011

Tempo ....que fica!

Houve um tempo que a minha casa era cheia de crianças; meus filhos, primos, amigos dos meus filhos: cada um tinha sua turma. Imagina tenho quatro filhos! Quando juntava a turma toda era um batalhão, para terror das empregadas. Todos brincavam muito, jogavam bola, tomavam banho de piscina, jogavam video game - que naquela época não eram tão sofisticados como agora - e muitos ficavam para dormir, o acampamento nos quartos era inevitável; lanches elaborados, brincadeiras noturnas de assustar as irmãs e as amiguinhas, também eram inevitáveis, muitas reprimendas para sossegarem o facho que amanhã era outro dia, e eles queriam saber de outro dia! Queriam mais curtir o que tinham para "hoje"! Tempo bom! Mas passou. Agora são homens e mulheres formando familia e criando seus filhos. Todo este preâmbulo é só para falar de algo muito especial que aconteceu ontem: recebi a visita com o objetivo de entregar o seu convite de casamento de um desses meninos que passaram muito pela minha casa; um dos mais tímidos, mas mesmo assim quando estavam juntos não havia timidez que o impedisse de ser "danado". Olhando para ele sentado no sofá da minha sala, meu pensamento foi longe e me levou a este tempo que teima em voltar insistentemente. Olhando aquele rapaz homem feito, me contando de seus projetos, de como pretende dar continuidade ao trabalho de uma vida toda do pai; de como está feliz com sua mulher, que foi conhecê-la além mar, e a trouxe com ele para este nosso Brasil tropical, e de como ela veio com amor, disposta a escrever uma história com ele, me dei conta que sou feliz! Que bom ter um menino que vi crescer, tornar-se homem, com tantos projetos, e ainda lembrando da infância e de como ele gostava de estar na minha casa, e de como ela faz parte de suas melhores lembranças. Que bom querido, você também faz parte das minhas melhores lembranças! A amizade sua e de meu filho é daquelas para a vida toda, é assim que se solidificam os afetos sinceros e permanentes. Felicidades menino!

domingo, 7 de agosto de 2011

Retalhos de mim...

Bela querida, costumo dizer que os meus filhos são meus pequenos retalhos, que costurei com a linha da seda mais pura e perfeita que encontrei, com estes retalhos fiz minha rede de proteção, pois sei que a costura não se desmancha, ela é forte, resistente a tudo, então aproveito e nela me jogo de qualquer jeito e me embalo no amor deles. Quando a minha filha casou, e mudou-se para sua casa - era tão bonitinho ver aquele novo casal começar uma vida em comum - era algo novo, nunca tinha visto um filho começar a sua propria familia, era desconcertante e ao mesmo tempo apreensivo; lembro de um dia que os encontrei passeando com filhinha no carrinho, naquele cenário tão lindo da Lagoa, vi no semblante do meu genro e da minha filha que eles realmente estavam felizes, apesar do começo tão dificil, vi naquele momento que eles fariam tudo dar certo! E fiquei feliz por eles e mais tranquila. Com a saida deles da minha casa, ficamos, meus filhos, minha filha e eu, olha só que coisa! Uma casa que era tão cheia, estava ficando vazia aos poucos! Não havia mais risos de crianças! Agora éramos somente quatro adultos, cada um com seus dilemas, inseguranças e medos. Então, meu filho foi estudar na Itália, pois é, na Itália, lá longe! Olha onde este menino foi juntar mais pedras para construir seu castelo! E ficamos, meu filho, minha filha e eu! A casa já fazia eco! Os espaços estavam enormes entre um cômodo e outro, mas assim é que foi! Mas chegou alguem...o filho daquele casal de amigos foi morar com a gente, muito bem vindo! E a casa estava menos vazia! A sua quietude e o imenso afeto que tenho por ele me fez muito bem. Mas não durou muito não! Seus pais mudaram-se para a ilha e ele já tinha sua casa. Ficamos os três novamente! Mas dai, chegou mais alguem...a alegria em forma de sorriso que encheu nossa casa de risadas e descontração. Morou um bom tempo conosco, suas brincadeiras eram hilárias, muito talentosa esta menina! Bons tempos! Beijos.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Linda, Bela e...Fria Catarina!

Quando chegamos a Ilha da Magia o encantamento foi geral, que ilha maravilhosa, tão parecida com o Rio, parecia uma miniatura, podíamos, ainda, ver seus morros com verde, até as favelas eram diferentes, pareciam bairros classe, sei lá como os órgãos classificam, mas eram diferentes das favelas cariocas, havia uma liberdade de ir e vir no ar, absorvemos total e nos desarmamos; nossa casa ficava com as janelas abertas, muro baixinho, não tínhamos nenhum sistema de segurança, confiávamos em qualquer pessoa que conhecíamos, isto queria dizer basicamente: determinados a fazer amizades e interagir de forma completa. Até a primeira tentativa de assalto a nossa casa. Foi um choque! Ainda assim achei que fosse algo pontual; então vieram as outras. É!!! Houveram 3 tentativas de assalto a nossa casa. A cada tentativa colocava uma proteção; levantei o muro p 2 metros e tanto, coloquei grades no muro, janelas, fechei uma varanda com blindex, cadeados mil e o sobressalto me tomou por completo, agora além de reestruturar uma família, também, era responsável pela sua segurança! E olha que morávamos num bairro dito seguro, padrão alto e tudo mais... E chegou o inverno! O primeiro! Que frio era aquele? Nós que viemos do calor amazônico... O frio entrou em nossas almas, fomos encolhendo, aliás, eu fui encolhendo, as lembranças da minha infância foram inevitáveis: aquele vento uivando por entre as frestas da minha casa tão frágil, a minha mãe nos agasalhando com o que tinha, eu tendo que sair para trabalhar - comecei cedo aos 14 anos - sem ter um casaco adequado, batendo os dentes de frio. Foi isto que o inverno trouxe a baila no momento mais inadequado, não era hora de lembrar de infância difícil, era hora de ser mais e mais forte, nada de vacilar, vamos colocar permanentemente lenha na lareira, muitos cobertores e aquecedores e vamos que vamos enfrentar este frio, este sazonal... passa! Já o outro... da alma... só acalma com o tempo! E as pessoas? Bem as pessoas, fui percebendo com o decorrer do tempo que não são tão "acessíveis" a "estrangeiros", não é manézinho? então o que veio fazer aqui? Juntando com a minha patológica dificuldade de fazer novas amizades, imagina! São simpáticos, bonitos, agradáveis até, educados, mas a barreira invisível que eles impõem a quem chega de fora está ali! Bem ali! Você não vê, sente! Se você oferecer algo eles recebem e até retribuem. Mas a tal barreira invisível permanece! Implicitamente é mais ou menos assim:" você está aqui mas a terra é minha!" Tentei, tentamos todos, em parte conseguimos, em parte... beijos.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Des...conforto?

A vida parecia, isto mesmo parecia, que andava numa nova linha reta, sem muitos nós; bem flexível até. Mas algumas coisas não se encaixavam. Havia um não olhar nos olhos, uma riso alheio, uma alegria exaltada, meio bipolar! Então o quê era? Estávamos morando numa cidade linda, um verão "bombando", a ilha lotada parecendo que ia afundar de tanta gente, estávamos trabalhando, um novo ano começava e tínhamos acabado de deixar mais um bem difícil para trás. Mas eu sentia isto pairando no ar, como uma bomba prestes a explodir, qualquer fagulha... e pronto tudo iria pelos ares! Deixei passar. Era tanto assustamento, tanto medo desta frágil família se romper, que resolvi achar que era só cisma minha mesmo! E assim nosso primeiro verão passou. Findo o verão a mãe do meu neto resolveu ir embora e evidentemente levá-lo junto, ela nunca, mas nunca mesmo o deixou com ninguem! Porreta ela! Onde quer que fosse ele iria junto. E junto levou um bom pedaço de mim, não consegui me despedir dele; a falta que senti nos primeiros tempos doeu tanto, que ouvia o riso dele em todos os lugares da casa, e um nó enorme se formou, desta vez não foi na linha da minha vida, foi na garganta! Mais uma vez fui afogar a minha dor olhando o mar da Joaquina e sozinha mais uma vez... chorei! Mas entendi a situação dela, era estranha mesmo! Continuamos nós, com aquela pequena luz, que crescia e nos fazia crer que tudo ia melhorar quando sorria um sorriso desdentado e cheio de paz. E minha filha foi pedida em casamento! Não foi bem assim! Claro que eu e a mãe dele demos uma força! Mas também concordei em participar deste plano porque sentia, por parte deles um grande amor, eles apenas não sabiam como fazer as coisas darem certo, então resolvemos que nós ensinaríamos para eles como se faz! E eles fizeram,tudo direitinho. Com a ajuda do pai, o casamento foi do jeitinho que minha filha queria, olha a surpresa! Ela foi absolutamente convencional! Fizeram tudo, com todos os rituais; vestido branco, o pai entrando com ela pelo braço numa manhã chuvosa de maio, na igrejinha da Imaculada Conceição e emocionado até o limite das lágrimas ameaçando rolar. Houve recepção, familiares e festamos muito! Depois foram para a casa deles. Mais uma família estava definitiva formada! Moravam num delicioso apartamento na Lagoa da Conceição. Quer começo melhor? Impossível não ser feliz assim! E assim que foi! E é! beijos querida Bela.