domingo, 14 de setembro de 2014

Gosto...

Hoje acordei pensando em coisas que gosto e não gosto, como se fosse fazer um inventário, uma lista de "não e sim". Mas como, se tem tempos que gosto de uma coisa e depois desgosto!? Hoje estou gostando de um monte e desgostando outro tanto. GOSTO: de dias nublados ( me sinto aconchegada naquela atmosfera cinza ), de sol na praia, de comprar presentes, o coracaozinho da Valentina ( me transforma no tapete dela, pode passar por cima), de tudo nos meus filhos ( até quando dão defeito ), consertar defeitos de filhos, de ter netos (inexplicável o tipo de amor. Engraçado, o amor não deveria ter compartimentos, deveria ser um afeto só , tudo igual. Mas comigo não funciona assim. E como houvessem várias gavetinhas, com etiquetas: esta e da fulana...), de sapato e roupa confortável, de esmaltes (adoro comprar, as vezes nem uso, mas aquele líquido colorido...), supermercados (em qualquer lugar), comprar cheiro verde, o azul dos olhos da Sophia (me perco neles), a transição do Matheus (menino/adolescente), das danças da Manu, da cor da pele da Maria Clara, do meu baú ( e do que tem dentro ), de alguns livros que li, de alguns filmes que assisti, passar a mão em tecidos macios, ir no médico e ele dizer que não e nada, da minha família espiritual, de cheiro de lavanda, de andar sozinha na beira de uma praia deserta, de ceviche, de um casal de amigos, de encontrar os amigos dos meus filhos, de um pijama bem velhinho, de uma calça jeans que tem 10 anos, de fazer criança dormir, e depois ficar olhando. NÃO GOSTO: de não saber colocar ou tirar acentos nesse Ipad, de não saber fazer novo parágrafo, de vento forte( tenho pânico ), de sapo ( não importa o tamanho ), de perder a lucidez, bebida com álcool , de beijar uma pessoa e ela me dar a cabeça p beijar ( beijo e na bochecha ), cheiro de cachorro, caos, multidão, insônia, livro ruim, filme que você assiste para saber como a droga toda vai acabar, filme que não entendo e todo mundo diz ser o máximo ( fico me achando uma anta ), morte de alguém que gosto, sol forte na cidade, jiló. Mas gosto, muito, muito mesmo de viver! Do meu jeito! Mas gosto e assim.

domingo, 31 de agosto de 2014

Pano de fundo.

Tomei conhecimento dessa história tem coisa de um ano, mais ou menos: uma moça, hoje uma moça, mas sua história começa bem antes disso, ainda adolescente. Filha de pessoas conhecidas e queridas, estudou nós melhores colégios daqui, aliás, junto com meus filhos, e prima de uma pessoa da família. Foi na adolescência que teve contato com as drogas; história corriqueira e que engrossa as estatísticas, foi junto com os colegas, todos do seu nível social e econômico, que experimentou. Como ela mesma disse num desabafo desesperado: "todos usamos porque só eu fiquei assim?" Sua trajetória de idas e saídas de clínicas de recuperação e longa, triste, contumaz e desesperadora para seus pais. No meio desse caminho teve dois filhos, hoje criados por seus pais. Ela resolveu que queria morar na rua. Foi ser moradora de rua, ninguém conseguia trazê-la de volta, todas, mas todas mesmo que se possa imaginar, foram tentadas. Nada feito...o demônio do crack já tinha tomado o seu lugar. Dormia nas calçadas, revirava lixo para comer, virou a típica moradora de rua: magra, a sujeira da rua já estava impregnada nela, ficou cinzenta, sem cor e perambulava a cidade inteira. Seus pais desistiram. Só muito sofrimento leva a isso! Sob a vista de todos víamos aquele farrapo humano andando e dormindo e comendo lixo e se drogando. Numa dormida na calçada um ex colega de turma a viu e em meio ao cinza e a magreza, descobriu sua antiga colega de escola. O choque e a tristeza o deixou paralisado. Paralelo a esses episódio , talvez num ultimo e desesperado gesto de lucidez - prefiro achar que Jesus a pegou pela mão - ela foi atrás do primo em seu trabalho, foi tratada com desconfiança, mas acolhida numa ultima e desesperada tentativa, ela aceitou, com alguma relutância em vista de algumas exigências estipuladas. Nesse ínterim o colega que a viu na rua, ligou p o primo e toda história foi contada. Resolveram juntos e com a ajuda de uma moça, que passa por sofrimento parecido na família, aliás, essa moça merece um comentário: movida a alegria, solidariedade, compromisso e força, admiro ela! Então o primo e alguns colegas de escola se mobilizaram para ajudá-la. Ela só aceitou com a condição de que seu companheiro de rua e drogas fosse junto. Fez parte do pacote. Um caminho longo foi percorrido até chegarem a uma comunidade de daime existente muito afastada da cidade. E lá estão há um mês. Fui conhecer a comunidade e seus integrantes. São miseráveis sendo apoiados por outros miseráveis. E uma comunidade pequena, 24 casais, com uma precária administração, pobre, muito pobre, cada casal tem seu barraco e cuida muito bem, passam fome as vezes, vivem de doações e da venda de castanhas nos sinais da cidade. Ali ninguém e obrigada ficar, fica quem quer, o portão e aberto; mas eles ficam. Alguns não! Tomam daime, substituem uma droga pesada por uma mais leve! Lá não há o glamour das comunidades onde se prática essa doutrina com pessoas intelectualizadas e engajadas numa pseudo história de que o daime e a luz para o aperfeiçoamento e conhecimento humano e blá, blá, blá. Tudo balela e droga sim ! Comprovada cientificamente, alucinógeno, o LSD da floresta. Mas e lá no meio do mato, sem glamour, com um pouco de disciplina, um pouco de autoridade, sem nenhuma interferência terapêutica, sem ajuda médica, as vezes sem comida, contando tão somente com a caridade de alguns, que aqueles pobres estão se ajudando, tentando vencer este demônio, se é com a ajuda do daime, que seja então! Fiquei impressionada com a pobreza e a miséria jogada assim sem nenhum filtro na minha cara. Sai de la querendo fazer muito. Não e assim, com eles tem que ser aos poucos. O primo, o grupo de ex colegas e essa moça estão conduzindo muito bem. Essa semana conseguiram tinta p eles pintarem seus barracos. E as doações são levadas todo sábado. Fez um mês que ela está lá, até ligou para a mãe !

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Foi embora...

Não estava aqui quando ela se foi. Não me despedi dela, não deu tempo. Chorei sua partida sozinha, como sozinha gosto de ficar quando preciso sofrer e chorar. Ainda sinto sua falta. Quando comecei a escrever, senti um arrepio e um turbilhão de lembranças misturadas a uma emoção muito forte. Nossas linhas se entrelaçaram por uma vida inteira, nossos filhos não são somente primos são irmãos, foram todos criados juntos. Era uma pessoa muito diferente de mim, mas mesmo assim nós entendíamos, conseguíamos passar férias todos juntos, num tempo tão remoto, que a gente só lembra nas fotos, são muitas, fotos e férias. Nos altos e baixos da vida, nem sempre estávamos perto uma da outra, mas sempre fomos solidárias e sempre sabíamos o que estava se passando nas vidas de cada uma. Quando voltei a primeira casa que fui foi a sua, sentamos na mesa de café, fumamos nossos cigarros e conversamos até...era uma pessoa muito peculiar, muito honesta com o que acreditava ser o certo para ela, muito embora não fosse consenso, pouco se importava, ela pensava assim e pronto! Não concordar com seu modo de vida, sua maneira de pensar, não lhe tirava o sono. Viveu a sua vida! Educou seus filhos muito bem: são pessoas da melhor qualidade! Viveu com seu companheiro uma vida inteira, do jeito deles e até foram felizes, hoje ele está sem ela igual um "papelim" de tão frágil! Ela era forte e ele nem sabia! Quero muito que ela esteja num lugar bom. Ainda vou chorar a sua falta, cada vez menos, mas vou chorar. Já acordei pensando " vou tomar um café e fumar um cigarro com..." Dai lembro que ela não está mais aqui, já foi! E possível continuar gostando muito de quem não está mais aqui? E sim! Vou gostar dela para sempre.

Deus mora nos detalhes.

Quando começo a escrever e apago várias vezes e porque as idéias estão tão embaralhadas, mas tão embaralhadas...que apago mais uma vez e começo de novo! Dai e um sem fim de não saber o que dizer, o que escrever, trava e nada sai. Você diz: ora, então para de encher o saco e não escreve! Então vou começar de uns tempos idos, não tão idos assim, próximo, tão próximo que lembro de tudo. Minhas casas (lá vem ela falar das casas), coloquei de pé Outra casa sim! Nem esquentei lugar...e tive que partir ( não, não desmanchei esta, ainda), fiquei 6 meses fora. O motivo? Doença. Nada grave, mas sério, algo a ser tratado. E foi. Ajuda? Tive muitas, de Deus, e de todos os instrumentos que ele bota nessa vida. Desses "instrumentos", ainda falaremos muito! Tem escrita que não acaba mais! Mas estou de volta, começando me ambientar nessa casa tão nova, tão estranha, tão sem história. Terei que fazer uma para ela, preciso me inserir dentro de uma história com essa minha nova casa! Olhar para os cantinhos dela e me lembrar de algo bom, ou não tão bom. Ela e eu precisamos começar a escrever isso. Detalhes...

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Ainda está valendo.

Há muito não escrevo, mas confesso que senti falta, mas os escritos que queria fazer...que preguiça! Então, vamos lá. Desmanchei mais uma casa, tirei tudo, limpei, expurguei, ficou vazia e mais uma vez olhei o espaço que habitava sem nada que lembrasse a minha passagem por la, fechei a porta passei a chave entreguei para a nova dona e parti para montar mais uma casa! Olhei aquele novo pedaço de teto, com medo, insegurança, e me senti muito, mas muito só. Tão só, que fiz o que faço sempre que me sinto sem eira nem beira, começo tudo outra vez, enchi de pedreiros, carpinteiros, marceneiros, pintores e refiz tudo do meu jeito, cada pedaço dessa nova casa tinha que ter uma identidade, e vamos la montar de novo uma nova casa! Será a ultima? Já nem digo mais nada. Freud explica isso tenho certeza. Olhando lá no fundo, bem lá no fundo, tenho um problema sério com as minhas casas, primeiro foi a casa em que cresci e meu pai a tirou de minha mãe, e eu foi a reboque para uma que nem assoalho tinha, era terra batida, não entendi nada. Quando passava na frente da dita casa, que não era mais minha, a pergunta vinha: porque? Esta resposta só me foi dada 18 anos depois, enfim... Outra casa fundamental para a minha sanidade foi a que construí com meu ex marido, aquela casa representava o meu porto seguro, meus filhos nasceram nela, para mim ela era indestrutível, não o concreto e tijolo, mas o laço forte que me unia a ela, engraçado você se sentir unida a uma casa como se fosse um cordão umbilical, mas era assim que me sentia em relação a ela. Quando dela saí, e este cordão se rompeu de forma abrupta, tive a mais absoluta das certezas, nunca mais me sentirei em casa. Aí e que entra Freud, até hoje sonho andando, perambulando e percorrendo os caminhos dessas duas casas. Minha nova casa ficou pronta, estou nela, sinto e gosto dela, preciso criar laços e afetos com ela. Vou criar!