sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Como se fosse amanhã...

Numa véspera de natal, estava grávida, na boca de parir...E naquele ano os festejos não seriam na nossa casa, por motivos óbvios! E para deixar tudo organizado para o pai e as outras crianças, resolvi ir ao mercado, mercado mesmo! O da Cadeia Velha, quando estacionei a minha velha Belina, desci, peguei minha sacola de naylon xadrez de azul e a carteira de dinheiro e...a bolsa estourou, não a xadrez de naylon a da criança. Meu Deus cadê o dr. Labib? Preciso dele agora, pensei!Entrei novamente no carro, já sentindo as contrações, e fui para o Santa Juliana, claro que o santo Labib estava lá, trazendo mais uma criança ao mundo! E num redomoinho de dor e emoção pari o meu melhor presente de natal! Deus para compensar todos os natais que não tive em minha vida resolveu me dar um presente inexplicavelmente mágico: Uma boneca de verdade! Linda! Com a carinha mais serena que já vi! E amanhã ela faz 27 anos. Pois é, como 27 anos passam assim...tão de repente?! Não pode! Quero de volta todos aqueles sorrisos sem dentes, os primeiro cambaleantes passinhos, a primeira vez que me chamou de mamãe, o primeiro abraço dizendo que me amava, ver o primeiro dentinho caindo, o primeiro aniversário, a primeira vez da escolinha, as primeiras letrinhas, a primeira cartinha. Quero tudo isto de volta! Tempo...Tempo inexorável, que não volta nem com um pedido tão emocionado e com apelo tão profundo de uma mãe com saudades. Passou, foi-se! Mas as lembranças essas ficam passando...passando num filme sem roteiro, alguma trilha sonora e tendo como diretor, ele o sr. Tempo! Amanhã, 24-12, meu melhor presente faz 27 anos; tornou-se uma mulher, mãe de duas filhas, esperando, provavelmente, outra, tornar-se-a mãe de três filhas, continua com a expressão serena, meiga, um pouco contida nas suas emoções, é capaz de chorar mais de raiva do que de emoção pura, e no entanto é muito carinhosa, dengosa, acho que a emoção contida Freud explica, lembram da cepa da qual a avó dela foi feita? Minha filha aos 27 anos está escrevendo sua história numa linha muito especial e forte: é mulher, esposa, mãezona, boa irmã, amiga dos amigos, boa filha, parceira incondicional do marido, o grande amor de sua vida, e agora até já é arquiteta! Olha só o quê esta menina já fez?! Quero meu bebê de volta! Feliz aniversário minha bonequinha, para mim você será para todo o sempre o meu melhor presente de natal! beijos.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Doí sim...

Quando criança nunca tive o hábito de esperar papai noel, ceia de natal, festa de final de ano, comemorar aniversários, coelhinho da páscoa, nada disso fazia parte do meu universo tão desprovido de cores, era um universo com poucas alegrias, e sempre associo alegria com cores, era um mundo cinzento, de sobrevivência, lembro muito de minha mãe sempre preocupada com o dia de amanhã, com o quê ia colocar na mesa e assim por diante, um universo triste, não havia o que comemorar no pensar de minha mãe, pobre dela e pobre de mim, vivemos uma vida juntas de poucos sorrisos, abraços poucos e comedidos, beijos? lembro de poucos. Afetos travados e emoções sublimadas. E assim quando cresci, estes eventos, por assim dizer, não me eram tão importantes, eram dias como os outros, mas a medida que passei a trabalhar e conviver com pessoas diferentes do meu mundo, fui aos poucos percebendo a importância das comemorações e comecei a gostar e definitivamente introduzi na minha vida. Quando casei e tive filhos estas festas tiveram um sabor adocicado, com muitas cores, brilhos, muita gente, correria de crianças, casa iluminada, muito brilho, mesa farta e muita...felicidade! Por muitos anos assim é que foi, meus filhos tiveram tudo isto e levaram pela vida afora. Comemoram com cores! Alguns ajustes se fizeram necessários ao longo dos últimos 10 anos, pais separados...filhos divididos. E mãe e pai se desdobrando na divisão das cores! Meu filho me disse há poucos dias: "mãe não dá para a gente se dividir ao meio!" Claro que não! E quem iria querer isto seu doido! Pode deixar que a gente (seu pai e eu) daremos um jeito nisso, como sempre fizemos em tudo na vida de vocês e faremos SEMPRE! Mas que doí.. Ah, doí muito! Mas de dores em dores também se faz uma bela paleta de cores! beijos.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Tempo que vai...

Bela querida, precisei de um tempo para processar tantas emoções mexidas, remexidas, centrifugadas até não sobrar uma gotinha, novas. Estou me sentindo exaurida, mutilada de emoções; a festa do casamento da minha filha me fez deparar com pessoas que de muito não via, não convivia, algumas gostei demais de revê-las, outras ao contrário, trouxeram com seus sorrisos e abraços falsos lembranças desagradáveis, remotas e que me fizeram tanto mal. Ainda estou processando e aos poucos vou deletando, e os colocando novamente no lugar em que estavam antes, no limbo! Mas posso te afirmar que a curiosidade humana não tem limites! Mas não tem mesmo! Girava, mais ou menos assim: "Como será que ela está? Como será que vai ser: ela, ele e a atual mulher?" Tolinhos perderam tempo, nem teve nada de diferente! E por ai vai... Podre até não poder mais! Mediocridade pura! Mas por outro lado, revi pessoas adoráveis, que me querem bem e que eu os quero bem também! E isto é que fica, o resto? Bem o resto? É resto. Tirando minha emoção e sensibilidade a flor da pele, tudo correu bem, meus filhos todos juntos, a família também, amigos queridos, festa perfeita embalada pela felicidade aparente e gritante da minha filha e meu genro. E vida que segue... Minha filha está construindo sua família, aos pouquinhos, devagarinho, como tem que ser. Penso que assim sua linha vai aos poucos sendo estendida e compartilhada e que daí vai sair uma boa história não tenho dúvidas. Tempo! Que linhas tão díspares podem ser estendidas, uma pessoa que gostava muito foi embora, para o outro lado, me despedi dela com tristeza, ficou um amargor, um travo e muitas lembranças compartilhadas ficaram só comigo. Juntas, vimos nossos filhos nascerem e crescerem; hoje são homens e mulheres feitos. Vivemos bastante coisas juntas, nossas linhas se cruzaram várias vezes, desde 1978 quando aqui chegamos nessa nossa aldeia verde e aqui construímos nossas vidas e famílias. Descanse em paz querida!

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

E o tempo parou...

Em uma linha do tempo tão tênue e mágica que pensei estar em meio aos anjos, que visão plena ver minha adorada filha entrando pelo corredor da igreja, de braços dados com o pai, vestida de noiva, com o vestido mais lindo que já ví, e ela parecia uma visão de sonho bom. Estava linda, esfuziante, a felicidade exalando por todos os poros, cintilando, a flor da pele, uma nuvem branca de sorriso e felicidade. Como estava linda a minha filha! Naquele instante, um breve instante não enxerguei ninguém, não percebi a igreja cheia, não senti a mão do meu filho apertando a minha com força, rebobinei em segundos uma vida inteira até aquele momento, o momento em que radiante ela entrava, cada passo, em meus olhos, funcionava em câmera lenta, tornei a realidade quando ela chegou pertinho, e o meu genro pegou sua mão! Um soluço seco atravessou minha garganta, retive as lágrimas (pieguice pura, e dai?) e o nó que formou, só foi sair muito tempo depois. Não sabia que emoções tão fortes podem se repetir, podem sim! Quando minha outra filha, tão jovem, entrou na igrejinha da Imaculada Conceição, da Lagoa em Floripa, senti esta plenitude: a fascinação pelo belo como uma tela nunca pintada por artista nenhum, uma tela pintada em cores da vida. Minhas duas filhas são responsáveis por esta visão sublime, sou grata a elas por isso. Como a felicidade transcende! As cores ficam translúcidas, consegue-se enxergar através dos corpos, a felicidade explode! Dois jovens saem para a vida de mãos dadas, sob o manto de luz das suas próprias felicidades. Bem vindos! Beijos.

domingo, 13 de novembro de 2011

Tons de sépia...

Domingo... dia de banzo completo, reviver passados, olhar fotografias antigas, se perder nas lembranças, ir fundo na tristeza, chorar um rio de lágrimas e esperar passar, como tudo passa este banzo tem que passar também! As fotografias...ah! que lindas histórias podemos relembrar olhando estes pequenos momentos paralisados e captados em situações diversas e felizes, é felizes, porque tristeza quem há de querer registrar, eu não! As que mais me encanta são as fotos de meus filhos pequenos, dos amiguinhos deles e de meus sobrinhos, que delícia de ver! As fotos de quando eu era mais jovem também me faz bem de ver, era jeitosa, tinha corpão, carnes duras e nem tinha celulite! Tudo bem que a cabeça ainda estava em fase total de aprendizado de vida, a duras penas, a curiosidade pelo conhecimento e aprendizado eram constantes, mas nem sempre o que aprendemos e conhecemos nos faz uma pessoa melhor, ainda procuro por isso até hoje! Que emoção avassaladora olhar fotos dos filhos quando crianças, e fazer a inevitável comparação nos homens e mulheres que são hoje, em qual linha da vida ficou para trás aquele sorriso com alguns dentinhos faltando? Aquele olhar puro e inquietante de criança a procura de sair logo da pose para poder brincar? Aquela maneira de vestir, que hoje causa tanto risos? Pois é, ficou para trás, nas lembranças, boas claro! E me pego pensando o quanto perdi de tudo isto, podia ter aproveitado mais. Como diz a música: "Podia ter..." Mas foi o que deu para fazer! E assim o fiz! Boas lembranças, também, são as fotos de viagens, é um retorno ao lugar onde a foto foi capturada, lembro-me com exatidão do local, da luz, lembro até o que motivou a tal foto, é uma grande viagem de volta ao passado. Ainda tenho que encontrar minha lápide para enterrar o passado, mas por enquanto assim está bom! Hoje todos adultos as fotos não são mais de papel, eles as olham no computador, tão sem graça! Manusear fotos é ter nas mãos lembranças mais próximas, é poder passar de mãos em mãos e rir muito das cenas captadas, comentar e as vezes odiar a pose que não nos favoreceu; no computador pode arrumar! Sem saudosismo, mas bater as fotos e depois levar os rolos de filmes para revelação e esperar as fotos reveladas, com uma curiosidade atroz... não tem preço! Adoro! E as fotos em preto e branco, então!? Muito lindas, depois de algum tempo vão ficando amarelinhas, amarelinhas... beijos.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Por ai...

Houve um tempo Bela, que achava que a terapia era minha única muleta de sustentação. E foi! Mas de muito me dei alta, desde então escrevo: em cadernos, em pedaços de papel achados no momento preciso do desabafo, fazia da caneta e do papel, qualquer um, um ombro amigo, e depositava ali tudo que me vinha a cabeça. E agora achei este instrumento aqui feito de teclas e tela luminosa, que as vezes me ofusca, me intimida, mas está substituindo habilmente a caneta e o papel. Por enquanto! Quando decidi me enveredar por este mundo eletrônico, confesso que não levei muita fé, muito impessoal, não tem cheiro de papel e nem de tinta de caneta, algumas pessoas vão ler, não vou poder escrever exatamente o que me vem a mente no momento. Que nada! Engano puro! É muito bom. Me joguei de cabeça, escrevo tudo (ou quase), me estraçalho, me exponho total e abertamente sem pudores de alma, choro e rio de mim mesma, minha gramática sofrível fica escancarada, nem ligo, escrevo mesmo! Aqui já falei muito da minha vida, de meus filhos e netos, de pessoas que me são muito caras, minhas emoções ficam em carne viva, minhas linhas se partem, se unem novamente, ficam finas e grossas com nós, quanto o tranco é grande. Através desta tela conheci escritos fantásticos, pessoas que escrevem com talentos sem fim, me dei o direito de estrebuchar, aliás, não quero nunca perder o direito sagrado de estrebuchar quando necessário, fiquei bisbilhoteira. Pois é, vou continuar escrevendo. Quando já tiver dito tudo (ou quase) paro. Mas ler livros numa tela não, nem se pode dobrar a pontinha para marcar onde estamos lendo, ai não dá! Exposição crítica e contínua? Certamente! Faz bem? Não sei, vamos ver daqui algum tempo. Egolatria? Boa afirmação moço! Prefiro pensar em desabafos e lembranças divididas e expurgadas. Beijos.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Ai que dó...

Sinto um aperto no coração quando vislumbro por perto rondando a mediocridade. Fujo dela como o diabo da cruz! E de sem caracter também, lógico! Quanto a mim; até que sei me defender direitinho, aprendi, virei casca grossa, passo ao largo, e sigo. Mas ver pessoas que amo tanto, tão jovens, praticando, quase que diariamente a tão temida mediocridade, doí!!! E como se essas pessoinhas tivessem parado no tempo. Adolescentes, é adolescentes - que é onde ainda pode caber "um pouquinho" de mediocridade. Medíocre/imaturo sabe? Adolescente!!! Mas adultos comportando-se como tal é de doer. Fulana falou isso de você! É mesmo? Ah, então espera ai que vou tomar satisfação! Não vai ficar assim! O que ela está pensando que eu sou? Imagina??? Olha estou te contando porque sou sua amiga, senão ficava quieta!( Deveria ficar !) Estou magoada com você porque você não fez "isto ou aquilo" para mim e fez para a fulana, puxa pensava que era a sua melhor amiga (...) mas é bom saber com quem estou lidando... E por ai vai, deu para sentir a mediocridade nos vários pontos de exclamação, interrogação, reticências e parenteses? Não se sai impune de tema tão obscuro sem este monte de artifícios. Cresçam, cuidem de suas vidas, mas cuidem com carinho, isto está incluso cuidar das amizades, não deixar que coisas tão... tão medíocres façam de vocês adultos bobos, burros, sem conteúdo. Cuidem diuturnamente dos amigos e amizades, dos filhos, dos maridos e mulheres, do conhecimento, aprendam e apreendam todos os dias alguma coisa nova, ajudem alguém sempre, pode ser até aquela pessoa que está próxima de você neste instante, leiam pelo menos um livro por mês, reúnam-se com os amigos sempre para rir, procurem os amigos para chorar quando preciso. Mas cresçam, virem homens e mulheres, não deixem a tal mediocridade tomar conta de vocês. Pois é, pelo jeito não perdi a péssima mania de dar conselhos. Preciso jogar mais duro comigo, assim não dá! Mas é que dá uma pena de ver esses moços dando mole para a burrice e mediocridade, que dai... Postagem sem vergonha esta! beijos.

sábado, 22 de outubro de 2011

Linha Dividida!

Na minha volta para cá, muito andei, e percorri os caminhos novos e sai a procura dos antigos que tão bem conhecia, gabava-me, na época em que aqui morava, que conhecia a cidade melhor do que muitos nativos. E era verdade, conhecia cada canto da cidade, sabia onde procurar o que estivesse precisando e ainda indicava para os outros! Mas agora a cidade estava muito diferente, novos traçados dos quais não sabia onde me levariam. Estes mesmos traçados foram formando linhas finas e tensas no meu interior, não sabia mais que rumo tomar, e rumei de acordo com a minha intuição, não tinha mais norte numa cidade tão familiar outrora e tão estranha e desconhecida neste presente de tantos recomeços. Foram tantos os equívocos!!! Acho que estou me tornando uma equívoca-mor! Se não existe, começa a existir a partir de agora. Pronto, equívocos tem nome...sou euzinha mesmo! Nesta cidade em que comecei a minha vida, afetiva, familiar e social, tudo estava aqui, diferente é verdade! Mas estava. E eu não percebi que não se refaz linhas divididas, dividiu f..., só se der um nó, mas depois para desfazer...e eu queria, e pior, fiz este caminho, passei por cima de todos os nós e fui em frente, achando que tudo estava como antes. Não estava! Comecei visitando os antigos parentes, fui muito bem recebida por todos, verdade seja dita, convites recebi aos montes, alguns aceitei, quando chegava a curiosidade era total; na empresa achava que tinha livre acesso, a tudo e a todos; ao ex marido achava que podia pedir qualquer coisa e seria atendida prontamente; nas lojas achava que seria tratada com a mesma deferência de antes; achava que lidaria muito bem com o estranhamento causado nas pessoas, quando nos encontrávamos num mesmo ambiente, meu ex com a atual mulher e eu, e as pessoas ficavam muito surpresas ao ver que não havia animosidade, mas o estranhamento era geral. E o jogo de interesses falou mais alto e as coisas tomaram um rumo medíocre, do qual corri e me recolhi. Já não era mais a D. fulana, na verdade, pessoas que antes me chamavam assim: D. Fulana, agora era só Fulana mesmo e pronto! Aos poucos fui percebendo os equívocos, os enganos e o desengano tomou conta e me fez ver a nova realidade, e mais uma vez me reinventei, e neste momento não pude deixar de lembrar e apreender um escrito de Lya Luft, ela de novo! Nem é minha escritora favorita, mas algumas coisas gosto, cotidiano é cotidiano, histórias de vida se repetem infinitamente iguais... diz assim: "Quando perdi quase tudo, descobri que a dor não era maior que o sonho. Quando esqueci o caminho, ví que o horizonte ficava do lado errado. Quando só o meu rosto sobrava em cada espelho (e nada do lado de cá), juntei desalento e desejo e me reinventei com carinho. (Agora pareço comigo antes de o amor ser cancelado.)" E eu agora teço uma fina colcha de retalhos, com linhas muito especiais, quando ficará pronta? Não sei querida Bela! Um dia qualquer! Apenas sei que não há ressentimentos nem mágoas, os escritos acima são apenas realidade pura na veia! Beijos.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Rosas...com espinhos.

Bela, esta semana assistindo a novela das 8, que aqui passa quase as 10, uma cena em especial me chamou a atenção e nela me detive a pensar, é as vezes penso! Três amigas conversavam sobre os seus respectivos casamentos; uma na verdade era separada, outra era viúva, e nutria boas lembranças e saudades do falecido, já a outra, tinha uma raiva contida e sentida, o "falecido" havia desaparecido de muito e dado como morto numa pescaria, ela tem uma espécie de altar na casa dela e em meio aos santos de sua devoção, tem também, um retrato do "falecido" e sempre que ela reza para os santos, olha para o retrato dele e joga uma praga, engraçado isso! Esta cena me remeteu a outras do filme, muito bem dirigido por Mario Monicelli em 1992, e baseado num conto de Carmine Amoroso, Parente é Serpente, é o nome do filme. Bom de ver, humor meio ácido e lúgubre, sobre uma família italiana, em volta de uma mesa de ceia de natal, todos aparentemente felizes, até que os pais... bem não vou contar o filme todo, mas vale ver. Mas voltando a cena da novela, e a relação com o filme que assisti muito tempo atrás, é que já ouvi muitas mulheres separadas dizer que melhor se tivessem ficado viúvas, e tal qual a cena da novela, uma delas, a separada, diz exatamente isto: "melhor vocês que são viúvas". Relação do enredo do filme com esta cena? Só o fato de que as vezes morrer é a solução de todos os nossos problemas. Uma viúva tem credibilidade e condescendência alheia e a sua própria. "Coitada de mim amava-o tanto e ele se foi, mas vida que segue." E assim refazer a vida sendo viúva, creio, que é muito mais fácil! Será? Tema controverso e perigoso! Nem todos os parentes são serpentes, como os de Monicelli, a grande maioria quer mesmo os seus sempre perto e os cuidam com zelo e carinho. Mas sabe, as vezes a gente pensa mesmo assim, lembro de quando era criança e minha mãe me batia, pensava: porque esta mulher não morre! Criança é cruel! Adultos as vezes também! Claro que depois rezava trocentas preces pedindo perdão, e Deus sempre me perdoava, tenho certeza! Bem, como descasada que sou posso opinar quanto ao tema da novela; acho mais corajoso, não vantajoso, pedir o divórcio, pelo menos durmo em paz! beijos.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Alma velha!

Bela querida, nos últimos dias alguns fatos me fizeram refletir sobre algo que tenho cisma, é isso mesmo, cisma! Eu tenho alma velha! Acho que já nasci assim. Sabe desde quando sinto-me velha? Desde os 40 anos. Impossível alguém ser velha aos 40 anos. Mas sou e ajo assim, o que é muito pior, houve um tempo em que camuflava isso muito bem, por fora! Só por fora. Lá dentro, num lugarzinho que nem sei o nome, um escaninho qualquer que tenho, que está nem sei onde, pensava:"tudo bobagem nem tenho mais idade para isso, para aquilo e assim sucessivamente" e já pensava assim aos ... 40 anos! Imagina agora aos...58? Anciã, naturalmente! Sempre fui metida a aconselhar, a dizer o que estava certo ou errado, a julgar e as vezes até condenar, eu e meu juri secreto! Quanta arrogância de vida, quanta sabedoria desperdiçada vomitando ordens, ditando regras, tudo em vão, não acrescentou em nada ao meu aprendizado de viver. Mas uma coisa aprendi, ou melhor estou exercitando, não é fácil se livrar de anos e anos "se achando"- autocrítica - e estou sendo impiedosa comigo, estou jogando duro, não dou moleza para mim. Meu ex marido me disse recentemente que meus conselhos lhe enchiam o saco. E deviam encher mesmo! P... porque não disse antes?! Mas vamos aos tais fatos, lá de cima: encontrei uma moça, já se tornando uma jovem senhora, e pegamos um papo exatamente sobre isso de estar se sentindo velha, ela naturalmente não é. Bonita, isto sim, elegante e daquelas mulheres doces, que falam baixinho; senti nela uma amargura sentida, uma tristeza que não combinava com ela. Que vontade de dar um monte de conselhos. Não os dei! Dei meus ouvidos. Ouvi tudo que ela queria falar, quando terminou, me disse que tinha sido muito bom conversar comigo, que tinha feito bem a ela. Que bom! Nossa diferença de idade é pouca, mas sou bem mais velha que ela, por fora e por dentro. E ela sentiu isso, acho que inconsciente, mas sentiu, não fiquei chateada, aliás, isso não me chateia nem um pouco, de verdade. Mas me levou a pensar desde quando me sinto velha, e ví que antes disso, é a minha alma que é velha, fazer o quê? É assim que sou e pronto! O outro fato, é sobre pessoas que se tornam de repente, adoráveis e religiosas, assim do nada! Mas isso é papo para outra hora, por hoje chega. Beijos

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Passado, presente...e o futuro?

Ah! Este não nos pertence, quem acredita em Deus, diz que pertence a ele. Eu acredito! E muito. E os ateus, agnósticos, a quem creditam o tal futuro? Pois é, como se apegar em algo tão suscetível das mais diversas interpretações? O presente não, a gente vai vivendo, vivendo, aprendendo, errando, acertando, levando cacetadas, dando cacetadas, não dá tempo de parar para pensar muito no tal presente, estamos preocupados é mais em vivê-lo, se possível rapidamente senão se torna...passado, este sim complicado! Um fantasma, que cria assustamentos, revoltas, saudades, vontade de ter o tempo parado na porta da sua casa, vontade que ele se afaste para bem longe de você, e leve junto com ele tudo que não queremos lembrar, mas também que deixe onde está as coisas que você não quer de jeito nenhum esquecer, são tão boas de lembrar, aquecem, faz bem, trás o riso solitário e bestificado de quando lembramos de tão bom acontecimento. Passado, presente e futuro, tempos de verbos que aprendemos lá longe, mas que nunca esquecemos, as vezes os conjugamos de forma tão imprópria; misturamos tudo e dá nisso: pura nostalgia! Tem um blog que sigo, de um rapaz que nem conheço, mas ele escreve como gente grande. Como escreve este rapaz! Gosto demais de seus escritos. Com sua autorização transcrevo umas palavrinhas que me fizeram refletir, ainda não decidi se concordo ou não, mas gosto: "ASSOMBRAÇÃO - Se você resolver enterrar seu passado, cave bem fundo e coloque uma lápide bem pesada sobre ele. Passados assombram." Pois é, e ai? beijos.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Linhas novas...

Que coisa! Quando penso que a estagnação se instalou, eis que surgem fatos, pessoas, acontecimentos novos e surpreendentes. Minha filha, a minha estrelinha vai casar, vai formar a tão sonhada família dela e eu vou ganhar mais um genro. Diferente do meu outro genro, ainda, não tenho muita familiaridade com este que está chegando; ele é quieto, de riso fácil, cordato, da paz como se diz por ai; assim é o que me parece; o contraponto da minha filha, inquieta, temperamental, encucada, mas o coração! Ah este é doce e suave. Que está linha seja da seda mais pura e resistente, que se entrelace e forme um tecido bem, mas bem resistente mesmo, que eles consigam se firmar nele quando as marolas da vida balançar ao ponto de jogá-los no chão. Não permitam. Segurem firmes nessa linha estendida, e fiquem de pé! A vida a dois balança muito, mas com uma boa rede de proteção tecida, quando cair dá para ficar um pouquinho deitada, refletir, e se os dois não caírem juntos um dá a mão para o outro e ajuda a levantar e prosseguir. E se caírem juntos, olhem um para o outro e caiam na risada, casamento com bom humor fica bem melhor! Numa analogia capenga é mais ou menos assim! Seja bem vindo meu genro, eu o recebo de braços e alma abertos cheios de afeto sincero, faça do meu afeto um aliado para todos os momentos. Bem vindo querido! O outro acontecimento é que vou ganhar outro neto, ou neta? Pois é minha outra filha está grávida, dengosa, dorminhoca e com aquela cara de mãezona que ela tão jovem tem; minha filha quando está grávida, torna-se plena e linda, uma lindeza que vem lá do fundo da sua alma, transcende e se espalha por onde ela passa, deixando atrás de sí um caminho de esplendor, paz e boniteza; foi assim com suas outras duas filhas, parideira esta minha filha! Gosta de ter filhos! E os coloca no mundo de uma forma tão mágica e encantadora, que nos torna felizes com a sua tão grande felicidade. O pai torná-se o grande adorador dessa mágica toda, curte e se encanta com as que já têm e se emociona com o (a) que esta chegando, olha para a mãe e a acha linda, gostosa e quer mesmo é mais uma mulher para mandar nele! Bem vindo(a) mais esta pequena luz! Beijos Bela.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Desmanchando...ainda!

Mais uma casa que monto e desmancho. Quando olhei a casa que vendi na ilha da magia vazia, pensei: que sina, monto uma casa, arrumo tudo direitinho, as linhas se perfilam, mas se ficou um fiapo solto... eu puxo e tudo se desfaz. Aqui na minha terra ia montar mais uma, enquanto isto não acontecia, morava com a minha filha, meu genro e minhas netinhas. Comprei o apartamento em frente ao deles, por algum tempo uma casa virou extensão da outra, era tão bom! Tão aconchegante! Para quem vinha de uma casa vazia e silenciosa, o barulho que eles faziam me embalava e me fazia sentir viva novamente; as batidinhas na minha porta de um par de mãozinhas insistentes tinha som dos anjos, muito bom abrir a porta e dar de cara com meus pequenos anjinhos. Mas eles mudaram para uma casa maior e desta vez a casa desmontada que vi foi a deles. Entrei devagar e estava tudo vazio, aquele vazio que conheço muito bem, o vazio da total falta de som, falta de risadas, de conversas altas; nunca mais aquele aconchego da presença tão perto.
Vaguei pelo apartamento vazio, ví as marcas dos quadros nas paredes limpas, não havia mais luz nem som, sentei no chão e... chorei, chorei a saudade sentida de não querer que isto acontecesse, foi tudo muito rápido para o meu tempo. O meu tempo é muito lento para certas coisas, e esta é uma. Voltei para meu apartamento e toquei a vida. Que vida? É ... Perdida no tempo e no espaço. Hoje é assim, cada filho na sua casa e eu... bem eu? Aqui! Cada vez mais encolhida, igual um caracol, levando tudo que possui nas costas. As lembranças eu guardo no baú. Ah! Me tornei uma expert em colar os caquinhos, então... fui aprender a fazer mosaico. E faço! Colo caquinho por caquinho e formo desenhos, alguns ficam bons, já outros...eu desmancho e faço de novo, não é isso que venho fazendo um tempão? Então... beijos.

domingo, 18 de setembro de 2011

Se esta rua fosse minha...

Bela querida, que estranho caminhar por caminhos antes percorridos. Que estranheza, que desconhecimento de caminhos tão familiares pouco tempo atrás; onde antes era um igapó agora são prédios; onde tinha a lojinha que se encontrava de tudo, do anzol ao velocípede, agora é uma construção moderna; a mercearia que comprava mantimentos não existe mais, supermercados modernos foram erguidos; até pet shop tem, aos montes... e lojas de eletrodomésticos!!! Nossa têm muitas, sempre anunciadas na tv aos berros e concessionárias de carro? Muitas! As pessoas enlouquecidas comprando, cada qual com o carro mais equipado e da marca mais famosa, tantos air bags que penso numa batida, além de proteger, vai sufocar o motorista! E o canal, pois é, o tal canal de tantas lutas políticas, saiu do papel, desenhou a cidade de outra forma - ainda nem sei andar direito por ele - mas que ficou bonito, ah! isso ficou! Deu outra cara e dinâmica na cidade, muitas coisas foram construídas e feitas em função dele. A noite efervesceu, muitas casas noturnas, bares, restaurantes bons, antes tínhamos apenas o restaurante do aeroporto, agora podemos comer até um japonês decente. As pessoas... bem as pessoas! Muita gente nova, que aqui chegou e ficou, como eu cheguei um dia, muitos jovens que estudavam fora e voltaram, como meus filhos; jornais? Vários! Haja notícias para tantos. Casas lindas e bem cuidadas foram erguidas, ruas pavimentadas e por elas ando e não me encontro mais, são ruas novas, não as reconheço. Puta saudosismo, banzo de domingo amiga! As pessoas que antes convivia, agora quando me encontram: "Nossa!!! Você por aqui? Quanto tempo! Está passeando? Não estou morando? O passinho para trás é inevitável!! De início não entendi o "passinho para trás", depois compreendi. Passear é uma coisa...mas morar? Bem morar significa o quê? Ter que conviver novamente? E o ex que continuamos frequentando a casa, como fica? Melhor não ter muita aproximação!!! " Ah! Então bem vinda, se precisar de alguma coisa a nossa casa continua aberta, sabe que gostamos muito de você viu???? " Bela, pela primeira vez na vida estava sendo vítima de PRECONCEITO! É preconceito de descasada! Pode? Sinto na pele o que é esta praga chamada preconceito, é f... Agora compreendo melhor os negros, índios, homossexuais, deficientes físicos, e outras minorias, mas não sabia que existia a discriminação a mulher descasada. Existe sim! Daí junta com o meu patológico sem jeito de fazer amizades, dá esta porcaria de solidão: amigas casadas vão conversar o que comigo? Até tentaram, algumas, mataram a curiosidade e se foram; E os maridos? Sabe que alguns até tiraram gracinhas comigo? E olha que são amigos do meu ex e frequentam a sua casa, mas comer a ex do amigo deve ser uma tara! Vai saber! Tolos! Outras amigas descasadas até têm, alias, bastante. Mas a vibe delas não é a minha: não gosto de sair a noite, não bebo, não quero me envolver com ninguém, eu quero sossego, curtir meus filhos e netos, aos 58 anos quero meus livros e nada mais! Beijos.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Re (encontros)...

Eis-me aqui onde tudo começou. Novamente o verde escandaloso e inconfundível dessa terra em que me fiz gente grande; amei, casei, fiz família, procriei, eduquei minhas crias, fui feliz, fui infeliz, ajudei a construir uma vida e uma casa, criei raízes profundas, fiz amigos, deixei de amar, descasei e fui embora para uma terra que não era minha. Minha terra é aqui! Minha terra tem calor senegalês, poeira, estrelas abundantes no céu, um rio fraquinho, não tem mar, gente da melhor espécie, o riso escancarado da infância feliz dos meus filhos, mangueiras nas ruas que dão mangas aos montes, gente que se conhece de muito conversando nos supermercados, politica e políticos, chuva derramada de balde, o rastro da minha felicidade! Agora os caminhos são outros, o verde é o mesmo, mas a cidade cresceu, tornou-se bonita, quando aqui cheguei tão jovem era quase uma aldeia, uma cidadezinha tão pequena, que até uma batida de carro poderia acontecer entre irmãos, e aconteceu de verdade! Hoje, não moro mais na casa da infância dos meus filhos, os amigos que fiz ao longo de 24 anos migraram. Outros, poucos, olha ai a minha "noia" se manifestando, estou fazendo, mas estou cercada de afetos aconchegantes, sabe de quem? Daquelas crianças que frequentavam a minha casa, que eu carregava, para cima e para baixo- sempre gostei de andar com muita criança - tornaram-se homens e mulheres, alguns com filhos e família próprias, o afeto deles me aquece, enternece, me revigora! Quando olho para cada um deles absorvo despudoradamente a energia e vitalidade que deles emana, e isso me faz feliz! A estrada de luz que me trouxe de volta têm nomes e sobrenomes: três netos! Sim, tenho mais uma netinha, uma luz com dois olhos verdes irrequieto e perguntadores. Eu perto dos meus três netos, minhas filhas, meu filho, meus genros, e de brinde: a doçura da irmã do meu neto, a eloquência do irmão dos meus filhos, o pequeno L..., os filhos dos sobrinhos, dos filhos dos amigos de infância dos meus filhos, vou, pouco a pouco, pavimentando o caminho de volta. Falta só o meu outro filho voltar, então terei a família que ajudei a criar toda junta novamente. Quem sabe não mando construir a tal mesa grande! Gente para encher agora tem! É isso! Vou ter a minha tão sonhada mesa grande, com filhos, filhas, genros, noras, netos e netas e quem mais chegar, sim! Porque não? Beijos.

sábado, 3 de setembro de 2011

Ainda desfiando...

Deixando situações diversas de lado e voltando ao nosso triturante cotidiano, ainda, lá na Ilha da Magia, com todas as suas bruxas a solta e rondando sempre cada um de nós que ousa habitar no espaço que outrora pertenceu, ou pertence, vai saber?! somente a elas; as vidas, de meu filho, da minha filha e a minha, estavam numa linha bem esticada, tão estendida que se a tocássemos com a ponta da unha ela com certeza emitiria um som, um lamento, um pedido de socorro, sei lá! Com a minha saúde emocional em restabelecimento, dava conta da casa e da vida, minha e deles, no automático, era como se um flagelo habitasse dentro de mim, sabia que tinha que fazer mais, mas o que dava era aquilo que fazia, e eles me cobravam: "Mãe reage, faz alguma coisa, sai, vai passear, faz amigos..." Não dava! Não era assim que tinha planejado, estava tudo errado. Sentia a vida me escapando, igualzinha as areias da Joaquina que pegava aos punhados e deixava lentamente escorrer entre os dedos. Mas há dias ruins e outros piores e alguns bons, então me agarrava desesperadamente para que os bons durasse bastante. No meio desse desalento todo, eis que meu outro filho retorna da Itália, foi um dia muito bom! Uma coisa nova acontecendo, foi bom para mim e para os irmãos, já não estávamos tão sós; muitas novidades, muitas histórias, um enfoque escolar diferente, uma nova língua aprendida, um mundo novo a ser conversado. Com a chegada do irmão a minha filha - que havia acabado a faculdade - resolveu que era a vez dela partir. E partiu! Voltou para junto do pai, lá no norte. A vontade de começar uma vida profissional falou mais alto e mais uma vez, a providencial ajuda do pai se fez necessária. E lá foi ela! Fiquei sem minha pequena! Que falta me fez! Ficamos os três, meus meninos e eu, para continuar a nossa rotina, eles estudando e eu... bem... eu? Ali. Em casa, supermercado, fazendo a nossa comida, limpando a casa, a faxineira só vinha uma vez na semana. Que vidinha de merda! Que raiva dessa minha estúpida dificuldade de fazer novos amigos. Que raiva dessa fobia social, que desenvolvi pós divórcio! Fico tensa só em pensar de ir a uma festa! Quando comecei a conversar com estranhos no supermercado, puxando "papo" com atendentes de farmácia, ví que algo muito estranho estava acontecendo e tinha que tomar uma providência. E tomei! Quem ia fazer o caminho de volta, agora, era eu! E fiz! Deixei meus filhos terminando as faculdades, devidamente instalados, vendi minha casa. E voltei! Aqui estou euzinha! E uma nova linha tinha que ser tecida. Com qual fio? Estou, ainda, descobrindo! Cada retalho é uma linha diferente e especial. Beijos.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Seu Tim.

Bela, acabei de ler uma crítica do espetáculo Vale Tudo, escrito pelo Nelson Mota, baseado na biografia do Tim Maia, também escrita pelo Nelson, protagonizado pelo Tiago Abravanel, que dizem é emoção pura! E minhas lembranças saltaram de paraquedas bem aqui no meu cotidiano tão previsível. Houve um tempo que passávamos, invariavelmente, os natais com minha sogra no Rio, lá no Flamengo e logo após íamos para a Barra, onde tínhamos um apartamento; as crianças, ainda, eram crianças! E gostavam de passar férias com a gente. Neste prédio éramos vizinhos de Tim Maia, alguns andares acima do nosso apartamento, era uma figura comentadíssima no prédio, sempre tinha alguém com alguma história a respeito dele para contar, e era verdade sim, que ele queria ser nosso síndico, vivia as turras com o síndico por isso; uma vez ele sugeriu que separássemos o prédio em dois, uma parte seria administrada pelo síndico e a outra por ele, e estava falando sério! Um dia escutando W/Brasil comentamos - o pai e eu - com as crianças que este síndico que a música falava morava no nosso prédio e se chamava Tim Maia, e euzinha, do alto da minha sapiência de mãe, decretei: " Não quero nenhum de vocês de papo com ele ou aceitando qualquer coisa que ele oferecer, ouviram?" "Claro mãe!" Quando chegávamos no apartamento, por ele ficar fechado por muito tempo, era necessário abrir para arejar e limpar tudo; terminada a faxina, supermercado! Sempre iam o pai e os meninos e as meninas ficavam comigo, neste dia pediram para ir na casa de uma coleguinha no andar acima, deixei. Super ocupada, colocando tudo nos lugares nem percebi o quanto estavam demorando, quando já a noitinha elas chegam com dois LPs, é LP sim! Do Tim Maia; " Onde vocês arrumaram esses discos? " "A gente tava lá na casa dele!" "Como assim?" " A gente foi lá com a coleguinha conhecer ele!" Pânico geral!!! Minhas menininhas na casa do Tim Maia! Meu Deus! "Quero saber como foi tudo, contem-me e não me escondam nada, agora!" "Apertamos a campanhia e ele atendeu a porta, dissemos que viemos conhecer o seu Tim!" Ele mandou a gente entrar e pediu para a mulher dele servir muito sorvete para nós, mãe ele é muito legal! Sentamos na sala conversamos bastante e ele deu um monte de disco para nós, que nós fomos colocando por baixo das portas, só sobraram esses dois; porque a senhora não queria que a gente conversasse com ele? Ele é muito legal!" Como explicar tal coisa para duas garotinhas de 8 e 9 anos, que estavam encantadas com a elegância e hospitalidade do seu Tim? Como explicar que a tarde agradável e divertida que elas tinham passado na companhia dele e da mulher, era algo que não deveriam fazer? Expliquei, sem sapiência nenhuma, de forma capenga... e dei por encerrado o assunto. Pois é, minhas filhas tiveram o privilégio, claro que com um pouco de temor digo isso, de conhecer o lado familia do Tim, e tão encantado que ficou com a visita delas. Um dia quando o encontrei no elevador agradeci a maneira como ele as recebeu e pedi desculpas pela desfaçatez delas. "Nada, adorei, que elas voltem quando quiser, lá em casa sempre tem sorvete!" "obrigada" "Até logo" E pensei... melhor não! Uma visita está de bom tamanho. Este é um lado do nosso síndico - que nunca elegemos - mas gostávamos muito de saber que ele estava por ali. Os dois discos? Até hoje não sei o que foi feito deles! Elas devem ter colocado por baixo de alguma porta. Vale Tudo né seu Tim? Vale até o que vier! Se não valer...chame o síndico! Beijos

sábado, 27 de agosto de 2011

Nova realidade! Moderna?

A partir da entrada da mulher do meu ex marido, pela primeira vez, na minha casa e da convivência com o irmãozinho dos meus filhos, a linha que foi tecida ficou mais definida. Permeável? Sim! Mas infinitamente melhor de lidar. A bem da verdade as vezes que a culpei pelo meu divorcio, poucas, eram momentos de grande sofrimento, mas logo a tal realidade nua e crua aparecia; quem me "devia" fidelidade e amor era ele, ele era o meu marido não ela! Se o caso deles antes do nosso divorcio contribuiu para o desfecho do casamento? Hoje acredito firmemente que não! Se não fosse ela seria outra, e lembra? Não existia mais amor e sem amor... Acho até que ela o ajudou a passar o sofrimento,( não acho que só eu sofri, viu?!). Porque deve ter sido muito difícil para ele também, ninguém sai impune de vinte e tantos anos de casados, quatro filhos e netos; deve ter sido muito estranho a primeira vez que ele viu os filhos na nossa casa, com nossas coisas e outra mulher ali, embora fosse a mulher com quem ele estava tentando construir uma nova vida. Muitas lembranças devem ter vindo a tona e com elas ele deve ter sofrido sim! E ainda tinha os filhos! Para se sentir feliz ele precisava que os filhos aceitassem a nova mulher, as vezes penso que o fato de ela ser tão jovem, doeu mais neles do que em mim! Porque isto foi f... precisava ser tão jovem??!!! Coisas do coração! E sozinho ele não conseguiria passar por tudo que estava por vir, ele não consegue ficar só. Mas sabia que só o tempo, sempre ele, se encarregaria de moldar a nova realidade e que todos nós sairíamos não tão machucados deste vendaval todo. O fato de ter uma convivência boa com ela não me faz magnânima, como muitas pessoas pensam! Juro não tenho raiva ou qualquer outro sentimento desta natureza com relação a ela! Uma vez ela me pediu perdão se tinha me causado algum sofrimento, respondi sinceramente, que não tinha nada não para perdoar! Quem de fato me fez sofrer foi ele! Mas até isto já passou, nossa convivência é pacífica e normal, gosto dele como se gosta de um membro da família, aliás, ele é parte importante da minha família; ex marido é para sempre, então é melhor não nutrir ressentimentos. Gosto dele de verdade como se gosta de alguém que fez e fará, parte da minha vida para sempre, não por imposição das circunstâncias, por puro afeto mesmo! Aceito, de verdade, sem sofrimento, sem rancor e as vezes com alguma perplexidade, esta tão nova realidade; no fundo, bem lá no fundinho, acho até que isto é uma nova e moderna família, com todas as peculiaridades que isto implica! E assim caminha a humanidade! Beijos Bela.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Ao vento e ao ... frio!.

Bela, ficamos nós três, meu filho, minha filha e eu. De repente senti que o frio não era somente das temperaturas tão baixas e nem o vento que açoitava minhas janelas, era o que soprava intensamente lá fora! Era na minha alma! Estava ficando gelada e frágil ao menor sopro que pudesse ocorrer. Comecei a enlutar! Enlutei tardiamente, por um amor que não durou uma vida inteira; enlutei pelo esforço imenso de constituir e manter unidos afetos que não poderiam de forma alguma se romper; enlutei, também fisicamente, sentia-me sem forças, aquela força física que te move e faz andar para frente todos os dias; enlutei de saudades enormes da minha casa, a casa que meus filhos nasceram, cresceram, que vivia cheia de amigos, que havia vida pulsante; sentia saudades da reunião com amigos antigos; não sentia saudades do marido, da vida de casada e tudo que vem junto! Sentia falta da família! A família que acabou não ficando junto! Deste ajuntamento sentia muitas saudades! A família estava toda partida! Minha fragilidade diante deste enlutamento tardio ficou evidente; perdi o tesão de trabalhar, sair, fazer novos amigos. Vaidade? Nenhuma. Depressão! Claro! Puta depressão! Vamos aos antidepressivos, afinal euzinha tinha que dar conta, agora nem tanto da vida dos filhos, mas sim da minha própria! Nunca fui de ficar alimentando coisa ruim, não ia ser agora! Devidamente medicada, comecei a vislumbrar um novo horizonte, poderia até não ser o horizonte azulzinho que sonhei, mas já era um começo, mais um! Viva os antidepressivos! Da família "partida" vários núcleos foram se formando; o meu com os dois filhos que, ainda, estavam comigo; o da minha filha, meu genro e minha netinha; o do meu neto e sua mãe; e o do pai com a nova mulher e o mais novo integrante da família, o filhinho deles. Pois é havia mais um irmãozinho para os meus filhos! Eles diziam: estranho a gente ter um outro irmão não é mãe? É, mas ele existe e foi muito, mas muito mesmo, bem vindo! Aliás foi a partir dele que uma linha harmoniosa foi esticada; um dia ele foi levado, pelo pai, até minha casa para conhecê-lo, adorei! Ele é um querido. E soube que a mãe dele estava dentro do carro, estacionado em frente a minha casa. Um sol de 40 graus, "verãozao" bombando! Fui até a janela do carro e a convidei para entrar, muito assustada ela aceitou. E de repente estávamos todos, meus filhos, minha netinha - que o avô tinha trazido junto - meu ex marido, sua mulher e eu, sentados todos ao redor da minha mesa da cozinha, desfrutando de um bom café. Conversamos, uma conversa entremeada de assustamento, mas aos poucos relaxamos, mas só um pouco! Porque a situação era no mínimo inusitada! Nunca poderia me imaginar numa situação assim! Mas, sabe? Conseguimos rir! E a linha estava definitivamente estendida! Beijos.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Desfiando...

Nossas vidas ia passo a passo tomando um rumo inesperado; pessoas saindo, outras entrando e não permanecendo conosco, deixando um rastro de melancolia e saudades; a vida da minha filha e de meu genro não estava nada fácil na bela e santa catarina; meu genro recém formado, tentando de todas as maneiras e da maneira que no momento conhecia, dar conta da pequena família que tinha começado; minha filha muito jovem, recém saida do segundo grau - o vestibular ficou para mais tarde - uma filhinha para cuidar e uma casa para administrar, a grana muito curta, o que deixa tudo muito mais difícil e complicado. Todos ajudávamos, o pai, os pais dele e eu, mas estava difícil o começo! Necessário a providencial interferência do pai, chamando-os para junto dele. Evidente que junto dele as coisas se acomodariam de forma mais estável. E... eles foram embora! Dessa vez chorei...sozinha e em qualquer lugar mesmo! Levaram junto com eles uma grande parte da minha força. Desabei...sozinha! Como sobreviver sem eles perto de mim, sem minha netinha querida, minha pequena "frô de liz", como lidar com mais este afastamento. O outro neto tambem estava tão longe ! Isto tudo eu já colocava na conta das perdas. Meu filho na Itália, meu neto longe, e agora ... um naco enorme de mim estava sendo tirado. Engolhi a seco e aprovei o que eles tinham feito, é claro que sabia ser o melhor para eles, era hora do meu delirio obssessivo de ter novamente uma familia grande e perto de mim parar e encarar a realidade; como disse um dia meu filho: "Que familia é esta mãe que você quer manter, nossa familia já não existe mais!" Existe sim, e acredito nela, pode até não existir nos moldes antigos, mas somos sim uma familia! Respondi de pronto e obstinadamente! Então com o tempo - sempre ele para nos dar alento - fui vivendo a nova realidade com mais serenidade, sabendo que eles estavam bem eu também fiquei! E continuamos , meu filho, minha filha e eu! E minha filha - que estava comigo - acabou a faculdade. Veio o tempo em que ela não era mais uma estudante e também não tinha trabalho. Tempo difícil para ela e muito complicado ... para mim! Muitos nos se formaram, desatamos...muito tempo depois! Com amor não há no que resista por muito tempo! Ele vai se desatando devagarinho, quando se vê ... a linha está retinha e firme novamente! Beijos.

sábado, 13 de agosto de 2011

Tempo ....que fica!

Houve um tempo que a minha casa era cheia de crianças; meus filhos, primos, amigos dos meus filhos: cada um tinha sua turma. Imagina tenho quatro filhos! Quando juntava a turma toda era um batalhão, para terror das empregadas. Todos brincavam muito, jogavam bola, tomavam banho de piscina, jogavam video game - que naquela época não eram tão sofisticados como agora - e muitos ficavam para dormir, o acampamento nos quartos era inevitável; lanches elaborados, brincadeiras noturnas de assustar as irmãs e as amiguinhas, também eram inevitáveis, muitas reprimendas para sossegarem o facho que amanhã era outro dia, e eles queriam saber de outro dia! Queriam mais curtir o que tinham para "hoje"! Tempo bom! Mas passou. Agora são homens e mulheres formando familia e criando seus filhos. Todo este preâmbulo é só para falar de algo muito especial que aconteceu ontem: recebi a visita com o objetivo de entregar o seu convite de casamento de um desses meninos que passaram muito pela minha casa; um dos mais tímidos, mas mesmo assim quando estavam juntos não havia timidez que o impedisse de ser "danado". Olhando para ele sentado no sofá da minha sala, meu pensamento foi longe e me levou a este tempo que teima em voltar insistentemente. Olhando aquele rapaz homem feito, me contando de seus projetos, de como pretende dar continuidade ao trabalho de uma vida toda do pai; de como está feliz com sua mulher, que foi conhecê-la além mar, e a trouxe com ele para este nosso Brasil tropical, e de como ela veio com amor, disposta a escrever uma história com ele, me dei conta que sou feliz! Que bom ter um menino que vi crescer, tornar-se homem, com tantos projetos, e ainda lembrando da infância e de como ele gostava de estar na minha casa, e de como ela faz parte de suas melhores lembranças. Que bom querido, você também faz parte das minhas melhores lembranças! A amizade sua e de meu filho é daquelas para a vida toda, é assim que se solidificam os afetos sinceros e permanentes. Felicidades menino!

domingo, 7 de agosto de 2011

Retalhos de mim...

Bela querida, costumo dizer que os meus filhos são meus pequenos retalhos, que costurei com a linha da seda mais pura e perfeita que encontrei, com estes retalhos fiz minha rede de proteção, pois sei que a costura não se desmancha, ela é forte, resistente a tudo, então aproveito e nela me jogo de qualquer jeito e me embalo no amor deles. Quando a minha filha casou, e mudou-se para sua casa - era tão bonitinho ver aquele novo casal começar uma vida em comum - era algo novo, nunca tinha visto um filho começar a sua propria familia, era desconcertante e ao mesmo tempo apreensivo; lembro de um dia que os encontrei passeando com filhinha no carrinho, naquele cenário tão lindo da Lagoa, vi no semblante do meu genro e da minha filha que eles realmente estavam felizes, apesar do começo tão dificil, vi naquele momento que eles fariam tudo dar certo! E fiquei feliz por eles e mais tranquila. Com a saida deles da minha casa, ficamos, meus filhos, minha filha e eu, olha só que coisa! Uma casa que era tão cheia, estava ficando vazia aos poucos! Não havia mais risos de crianças! Agora éramos somente quatro adultos, cada um com seus dilemas, inseguranças e medos. Então, meu filho foi estudar na Itália, pois é, na Itália, lá longe! Olha onde este menino foi juntar mais pedras para construir seu castelo! E ficamos, meu filho, minha filha e eu! A casa já fazia eco! Os espaços estavam enormes entre um cômodo e outro, mas assim é que foi! Mas chegou alguem...o filho daquele casal de amigos foi morar com a gente, muito bem vindo! E a casa estava menos vazia! A sua quietude e o imenso afeto que tenho por ele me fez muito bem. Mas não durou muito não! Seus pais mudaram-se para a ilha e ele já tinha sua casa. Ficamos os três novamente! Mas dai, chegou mais alguem...a alegria em forma de sorriso que encheu nossa casa de risadas e descontração. Morou um bom tempo conosco, suas brincadeiras eram hilárias, muito talentosa esta menina! Bons tempos! Beijos.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Linda, Bela e...Fria Catarina!

Quando chegamos a Ilha da Magia o encantamento foi geral, que ilha maravilhosa, tão parecida com o Rio, parecia uma miniatura, podíamos, ainda, ver seus morros com verde, até as favelas eram diferentes, pareciam bairros classe, sei lá como os órgãos classificam, mas eram diferentes das favelas cariocas, havia uma liberdade de ir e vir no ar, absorvemos total e nos desarmamos; nossa casa ficava com as janelas abertas, muro baixinho, não tínhamos nenhum sistema de segurança, confiávamos em qualquer pessoa que conhecíamos, isto queria dizer basicamente: determinados a fazer amizades e interagir de forma completa. Até a primeira tentativa de assalto a nossa casa. Foi um choque! Ainda assim achei que fosse algo pontual; então vieram as outras. É!!! Houveram 3 tentativas de assalto a nossa casa. A cada tentativa colocava uma proteção; levantei o muro p 2 metros e tanto, coloquei grades no muro, janelas, fechei uma varanda com blindex, cadeados mil e o sobressalto me tomou por completo, agora além de reestruturar uma família, também, era responsável pela sua segurança! E olha que morávamos num bairro dito seguro, padrão alto e tudo mais... E chegou o inverno! O primeiro! Que frio era aquele? Nós que viemos do calor amazônico... O frio entrou em nossas almas, fomos encolhendo, aliás, eu fui encolhendo, as lembranças da minha infância foram inevitáveis: aquele vento uivando por entre as frestas da minha casa tão frágil, a minha mãe nos agasalhando com o que tinha, eu tendo que sair para trabalhar - comecei cedo aos 14 anos - sem ter um casaco adequado, batendo os dentes de frio. Foi isto que o inverno trouxe a baila no momento mais inadequado, não era hora de lembrar de infância difícil, era hora de ser mais e mais forte, nada de vacilar, vamos colocar permanentemente lenha na lareira, muitos cobertores e aquecedores e vamos que vamos enfrentar este frio, este sazonal... passa! Já o outro... da alma... só acalma com o tempo! E as pessoas? Bem as pessoas, fui percebendo com o decorrer do tempo que não são tão "acessíveis" a "estrangeiros", não é manézinho? então o que veio fazer aqui? Juntando com a minha patológica dificuldade de fazer novas amizades, imagina! São simpáticos, bonitos, agradáveis até, educados, mas a barreira invisível que eles impõem a quem chega de fora está ali! Bem ali! Você não vê, sente! Se você oferecer algo eles recebem e até retribuem. Mas a tal barreira invisível permanece! Implicitamente é mais ou menos assim:" você está aqui mas a terra é minha!" Tentei, tentamos todos, em parte conseguimos, em parte... beijos.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Des...conforto?

A vida parecia, isto mesmo parecia, que andava numa nova linha reta, sem muitos nós; bem flexível até. Mas algumas coisas não se encaixavam. Havia um não olhar nos olhos, uma riso alheio, uma alegria exaltada, meio bipolar! Então o quê era? Estávamos morando numa cidade linda, um verão "bombando", a ilha lotada parecendo que ia afundar de tanta gente, estávamos trabalhando, um novo ano começava e tínhamos acabado de deixar mais um bem difícil para trás. Mas eu sentia isto pairando no ar, como uma bomba prestes a explodir, qualquer fagulha... e pronto tudo iria pelos ares! Deixei passar. Era tanto assustamento, tanto medo desta frágil família se romper, que resolvi achar que era só cisma minha mesmo! E assim nosso primeiro verão passou. Findo o verão a mãe do meu neto resolveu ir embora e evidentemente levá-lo junto, ela nunca, mas nunca mesmo o deixou com ninguem! Porreta ela! Onde quer que fosse ele iria junto. E junto levou um bom pedaço de mim, não consegui me despedir dele; a falta que senti nos primeiros tempos doeu tanto, que ouvia o riso dele em todos os lugares da casa, e um nó enorme se formou, desta vez não foi na linha da minha vida, foi na garganta! Mais uma vez fui afogar a minha dor olhando o mar da Joaquina e sozinha mais uma vez... chorei! Mas entendi a situação dela, era estranha mesmo! Continuamos nós, com aquela pequena luz, que crescia e nos fazia crer que tudo ia melhorar quando sorria um sorriso desdentado e cheio de paz. E minha filha foi pedida em casamento! Não foi bem assim! Claro que eu e a mãe dele demos uma força! Mas também concordei em participar deste plano porque sentia, por parte deles um grande amor, eles apenas não sabiam como fazer as coisas darem certo, então resolvemos que nós ensinaríamos para eles como se faz! E eles fizeram,tudo direitinho. Com a ajuda do pai, o casamento foi do jeitinho que minha filha queria, olha a surpresa! Ela foi absolutamente convencional! Fizeram tudo, com todos os rituais; vestido branco, o pai entrando com ela pelo braço numa manhã chuvosa de maio, na igrejinha da Imaculada Conceição e emocionado até o limite das lágrimas ameaçando rolar. Houve recepção, familiares e festamos muito! Depois foram para a casa deles. Mais uma família estava definitiva formada! Moravam num delicioso apartamento na Lagoa da Conceição. Quer começo melhor? Impossível não ser feliz assim! E assim que foi! E é! beijos querida Bela.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Existe sim....

Com a chegada da minha neta alguns ajustes domésticos foram feitos. Um irmão trocando de quarto para que o novo casal ficasse bem, sim porque então já eram um casal, um brincar de casinha ainda! Cuidando, alimentando e amando uma bonequinha de carne e osso que eles fizeram. E euzinha ali só de olho para ver se tudo ia certo. E não é que eles faziam tudo certinho mesmo!! Pura intuição e afeto! A casa estava cheia; meus 4 filhos, 2 netos, a mãe do meu neto e o pai da minha neta. E eu? De matriarca! Até a tal mesa tinha! Não tão grande como sonhei um dia, nem tinha o pai na outra ponta, mas já era um recomeço! Com o meu genro veio junto a família dele; alugaram uma casa e resolveram morar lá. O que uma neta não faz?! Um núcleo familiar estava para sempre estabelecido; pessoas da melhor qualidade! A mãe uma pessoa alegre, de bem com vida, o pai um tanto pensativo e chegado a um discurso - alguns memoráveis - os irmãos tranquilos, bem educados e uma irmã criança, o centro das atenções da família deles. E chegou o natal! Vinte dias depois da mais nova integrante dessa família peculiar nascer. Uma festa foi armada; muita comida, muita bebida, muita música, muitos presentes, muitas risadas, muitas danças, muita simplicidade e muita, mas muita mesmo... felicidade! Ah! Como era bom sentir de novo esta tal felicidade! Ver meu netinho de apenas 3 anos rindo a risada solta das crianças felizes, meus filhos todos comigo, minha filha começando a família dela, essas pessoas, que eu conhecia de longa data mas nunca fomos próximos, agora inseridos definitivamente na minha vida, trazendo tanta alegria para dentro da minha casa foi muito bom! Festejamos até o amanhecer, e a pequena luz? Dormia a sono solto! Acho que a nossa felicidade embalou o soninho dela. De longe este foi o melhor natal da minha vida. Então, Papai Noel existe vó? Respondi para o meu neto: se você acreditar bem forte, bem forte mesmo, com a força do seu coração, ele vai existir para sempre dentro de você! Eu acredito... acredito até em gnomos! Beijos.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Luz... e vida!

Nasceu um anjo na minha casa! Minha neta veio ao mundo e para minha vida no meio desse caos perpendicular em que me encontrava. Quando vi aquele "montinho" de gente, moreninha, cabelos pretos e tão serena saindo nos braços da enfermeira senti que mais uma linha invisível e definitiva estava sendo traçada. Aquela criança tão linda e indefesa agora fazia parte da minha nova família e com ela se fez a luz! Com ela veio também o pai. Que maravilhosa aquisição estava fazendo para aumentar a nova família. Ele chegou e ainda me deu uma neta! Devo isso a ele. Um dia ainda faço uma ode ao meu genro! Minha nova família estava crescendo! Quando meu netinho - que também morava comigo - nasceu não estava perto, mas quando o vi pela primeira vez a emoção foi diferente, igualmente plena, mas diferente, o momento era outro. Quando olhei para ele foi um tumulto de emoções que pensei que não aguentaria. Agradeço a mãe dele e ao meu filho, tão jovens na época, por esse pedaço de mim para sempre. E ele estar morando comigo era um alento. E agora mais um anjo estava lá em casa! Quando vi minha quase menina amamentando pela primeira vez, e aquele rapaz tão jovem olhando embevecido a cena, tive a certeza que seriam bons pais e que tinham um longo caminho juntos. Naquela manhã quando subi o morro da Lagoa e cheguei no topo, de onde vislumbrei embaixo todo o bairro da Lagoa da Conceição e ao longe, as dunas da Joaquina e o mar azulzinho se encontrando com o horizonte, parei o carro e... chorei! Chorei lavando a alma, lavando a vida e as feridas. Chorei copiosamente por não sei quanto tempo. Chorei a minha existência! E quando levantei os olhos e vi novamente aquele cenário deslumbrante com um céu limpo, um mar calmo como um espelho, vi que Ele estava e sempre esteve comigo. Aquela luz que estava entrando na minha vida foi Ele quem mandou! Bem vinda minha pequena luz! beijos.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Casa nova...

Vida nem tão nova assim. Que difícil processo passamos todos nós; me sentia em todos os momentos à deriva, sem margem e tábua onde segurar. Arrumei a casa, contratei empregada, dei ordens, todos estudando, mas nos sentíamos como estranhos, até entre nós, não havia naturalidade na nova vida, estávamos todos fazendo de conta que estava tudo se encaixando. Estava nada! Na nova cidade tentei dar um sentido profissional para nós, comprei duas lojas; grande equívoco que me custou muito; uma para mim outra para os meus filhos, achava que ocupando o tempo deles e o meu com estudo e trabalho outros problemas estariam resolvido. Teoria linda e perfeita! Nos livros! Na nossa realidade não funcionou; primeiro porque não tenho o menor talento para cuidar do meu dinheiro, segundo que se não sei, como vou ensinar? Claro que não dá certo! Faltou talento e equilíbrio emocional! O que por si só não justifica nada, aliás, não quero e nem vou justificar nada! F... qualquer justificativa, eu precisava era de colo, de cotidiano normal. Era um monte de vidas que tinha de dar conta. Ou quem sabe eu não tinha? Mas a minha obstinação em transformar nossa vida sem o pai junto, em uma vida que fosse o mais próximo de uma família, tenha me cegado a ponto de não enxergar isto. Agora Inês é morta! Alienação total! E como miséria pouca é bobagem, me aparece uma criatura que conheci no Rio, e pensei que estava apaixonada, olha outro equívoco ai, aboletou-se na minha casa, com sua cultura e modo de vida totalmente diferente de tudo que conhecia. Insanamente permiti! Ai complicou de vez! Se por um lado alimentava a vaidade de que ainda era possível despertar atração em um homem, por outro lado, sentia vergonha dos meus filhos, neto e tudo mais; como estar com outro homem, na mesma casa, sem ser o pai? Não deu! Acabei! E percebi que já tinha coisas demais para resolver, não havia nenhum tipo de sentimento; se era para ter alguém sem amar teria ficado com o pai deles! Nunca mais me interessei por ninguém e nem quero. Sublimei! Substitui por sossego, livros, liberdade, meus filhos e netos e está bom assim e é assim que vai ser. Amor puro na veia! Me alimenta todos os dias! beijos querida Bela.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Fragmentos...

Bela, com essas linhas finas, de seda, transparentes e muito resistentes, escrevo minha história e curo minhas feridas: O riso escancarado e cristalino da Maria Clara; os olhos verdes e inquietos da Manuela; as mãos do Matheus iguais as do pai dele; o olhar melancólico e lindo da Lu; a meiguice e dengo da Carol; a verdade e tenacidade sem medidas do Antonio; a determinação sem perder a ternura do João Eduardo; a forma de fazer sempre tudo dar certo do Júnior; a perseverança e força da Camila; o afeto sincero do Pedro; as tiradas intelectuais do Joãozinho; o aconchego do Bruno; a fragilidade da Misseia; a vivacidade do Luis Felipe; o sentimento fraterno que tenho pelo João; o sorriso do Rodolfo; a estabanação do Rafael; a doçura da Natália; a solidariedade dos meus ex cunhados e cunhadas; o afeto sincero que tenho por todos os outros sobrinhos; a amizade da Magaly e Atabyrio; a luz da Thaysa; a quietude do Thiago; o talento e alegria da Claudinha. Têm muitas outras linhas, é um novelo enorme e macio, irei desenrolando aos poucos e tecendo ponto por ponto! beijos.

sábado, 23 de julho de 2011

Meu baú...

Havia muito tempo não remexia no meu baú. É eu tenho um baú, lindo, grande, de sândalo, todo trabalhado com desenhos arabesques e forrado de veludo vermelho. Nele guardo coisas lindas e preciosas, preciosas claro só para mim! São desenhos de meus filhos quando estavam aprendendo a ler; cartinhas memoráveis escritas com uma letrinha, ainda, trêmula e sem nenhum compromisso com a ortografia, verdadeiras pérolas; cadernos de jardim I, II de todos eles; provinhas; trabalhos bem "elaborados"; as indefectíveis mãozinhas em decalques coloridos; agendas diários das meninas (claro que nunca li, juro!) cartões de dia das mães e dos pais; preciosidades de toda natureza! Este baú foi um dos presentes do meu ex marido, juntamente com um quadro e alguns tapetes, que guardo com muito zelo e espero guardá-los por toda uma vida; me são muito valiosos. Junto com a remexida do baú, que evidentemente, não guardo só as coisinhas de meus filhos; guardo, também, coisas outras que me fez lembrar e sentir saudades de uma época, de quando casada; as flores! Pois é Bela, me dei conta que sinto muitas saudades das flores! Ah! Como recebia flores! Quando era meu aniversário então... um dia antes a minha querida empregada, ainda falaremos dela, começava a descer os vasos, já sabia que no dia seguinte a casa ficaria toda florida. E não estou falando daquelas flores que compramos em supermercado, que a gente vai passando e coloca no carrinho; não!!! eram flores que as pessoas iam na floricultura e escolhiam qual delas iriam me mandar e o florista entregar na porta. Eu as recebia e procurava logo o cartãozinho para saber de quem eram. Pois é alguns destes cartõezinhos ainda estão no meu baú! Entendeu o ataque de banzo! Pois é tenho desavergonhadamente saudades de receber flores; daquelas de floricultura com florista entregando e tudo! Pronto falei! Nem tenho saudades das jóias que meu ex mandava junto com algumas das mais lindas rosas que já recebi. Aliás as jóias, vendi-as todas, não sobrou nenhuma! Comprei dólares e passei uma semana em Nova York, batendo perna por Manhantan, comendo lagosta no The Palm da Segunda Avenida, escorregando na neve do Village e entrando em cada lojinha do Soho, quando acabou o dinheiro, vim embora! Nunca mais voltei a Nova York. Mas também ninguém morre porque não pode voltar a Nova York!!!Sabia, lá dentro, bem lá dentro, que isto não iria acontecer tão cedo, sabia das linhas tortuosas e frágeis que estavam por vir. E vieram! Das jóias que vendi ficou apenas a minha aliança, levei muito tempo para conseguir tirá-la do dedo.Que símbolo poderoso! Até que uma noite, olhando tv, meus filhos dormindo, tirei-a do dedo e sem titubear joguei-a pela janela do décimo segundo andar! Tomara que quem achou tenha feito bom proveito! Olha o que uma simples remexida de baú faz!!! beijos.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O primeiro Natal...

Estava instalado mais um pânico pós divórcio. O primeiro natal da gente numa casa e o pai em outra, na casa em que nasceram e cresceram que mesmo quando estavam longe, nesta data nos reuníamos todos, como seria? Como proceder num caso assim? Resolvi, junto com eles, que passariam o natal comigo (ainda morávamos no Rio) e o ano novo com o pai. Coisa mais pequenininha para se revolver, não é? Este não era nem de longe nosso maior sofrimento. Mas sempre tentei levar as coisas para que não parecessem tão tristes e tão definitivas; bobagem! É claro que eles sabiam ler nas entrelinhas, que eu estava fazendo o jogo do contente! Fazendo de conta que aquilo tudo que estávamos vivendo não era o fim do mundo. E não era mesmo! Mas era sim o fim do mundo deles! Que pena! Nestas horas e principalmente nestas horas, me batia uma raiva tão grande dele, mas tão grande... Porque ele me obrigou a pedir o divórcio? porque nosso amor não foi para sempre? até que a morte nos separasse? Porque foi assim. Com todas aquelas traições e mágoas acumuladas durante tanto tempo, é como se ele estivesse gritando constantemente no meu ouvido: "Ei não está enxergando o que estou fazendo? o que mais você quer que eu faça para você colocar um ponto final nesta droga de casamento? Faça, e faça logo! Já nem sei mais que tipo de traição cometer para você cair fora! Acorda!!!" Isto era o o que ele dizia implicitamente, e eu escutava como um grito estridente, tão alto que me deixava surda! Até que um dia... bem você já sabe! Mas voltemos ao primeiro natal do Rio: fiz uma ceia fantástica, os meus queridos amigos de toda uma vida vieram com os dois filhos, o que foi uma grande alegria, convidei mais um casal -não tão amigos assim- mais os sobrinhos que estavam no Rio e pronto! Estava armado o primeiro natal; trocamos presente, comemos, bebemos e eu tomei um porre desbundante! Daqueles de matar de lenço, seja lá o que isto quer dizer! Dois dias depois meus filhos embarcaram para mais uma prova da nova vida deles; ficar na casa em que nasceram, cresceram com papai e mamãe; mas agora sem a mamãe. No lugar da mamãe tinha a namorada do pai! Nova realidade! Melhor que fosse logo! Assim! Num ano novo! E eu? Embarquei para um cruzeiro de 11 dias, ano novo em alto mar! Com direito a soltar balões branquinhos com pedidos dentro, em meio ao mar da meia noite e... só! No meio de estranhos, gente que confraternizava, como um dia confraternizei. Desejei feliz ano novo para os que estavam próximos; rezei e agradeci a Deus pela saúde de meus filhos; pedi Sua ajuda para prosseguir, e fui para a cabine. Outro ano estava a caminho e a jornada seria longa...beijos Bela.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Ilha da Magia...

Aqui estamos nós! Chegamos! E... bum!! Fez-se a escuridão! Pois é Bela, cheguei a ilha da magia em meio a escuridão, sem trocadilhos infames por favor; estourou um cabo de energia que ligava a ilha ao continente e ficamos 3 longos dias e noites sem luz elétrica, um caos total, que juntando com o meu... Mas tínhamos que nos acomodar, na verdade euzinha, tinha que acomodar: meus 2 filhos; minha filha; a mãe do meu neto; meu neto de 3 anos e eu; a minha outra filha tinha ficado no Rio terminando o semestre da faculdade, iria se juntar a nós somente 6 meses depois. É...eu e ele já tínhamos um neto! Um grande presente de Deus, que naquele momento, por circunstâncias bem especiais ele e a mãe estavam morando comigo, embora ela e meu filho mais velho não tivessem mais nenhum tipo de envolvimento; e outro neto estava a caminho... é minha filha mais nova estava grávida e iria parir em poucos meses! Como ajeitar tudo isso? Dar um lugar a cada coisa? Eles olhavam para mim como se perguntando: E agora mãe? E eu olhava para eles e me perguntava: como vou arrumar tudo isso? Acomodei meus filhos numa pousada e me instalei com minha filha grávida, meu neto e a mãe dele num apart hotel. Comprei uma casa, reformei-a - para que pudesse acomodar todos nós - num bairro muito bom, com boa locomoção para as respectivas faculdades e essa reforma durou 2 longos meses; quando terminou mudamos todos para a nova casa. Estava montada mais uma casa! Mais uma linha estava para ser traçada! Porque saí do Rio? Não dei conta de 4 adolescentes numa cidade que já não era mais a cidade que vivi e que meus filhos conviveram e conheciam tão intimamente. Não tinha saúde emocional para colocar as coisas nos lugares certos, estava fazendo tudo errado. Precisava começar de novo em outro lugar, com menos lembranças, menos expectativas, menos tudo! Quando reuni meus filhos e propus irmos embora do Rio para outra cidade, e disse qual cidade pretendia, eles toparam encarar comigo esta nova vida. A única condição que me impus é que este lugar de recomeço teria que ter boas faculdades. E tinha. Então vendi o apartamento que nos pertencia por toda uma vida, que tinha metade de nossa historia entranhada naquelas paredes, desmanchei a casa e fomos! E assim ... com a reforma concluída mudamos todos e nos acomodamos, fisicamente; porque emocionalmente levamos muito tempo para que cada pedacinho de nós ficasse confortável em algum lugar daquele mundo novo, daquela terra nova, daquela casa sem identidade e história nenhuma, daquela família tão diferente e que eu precisava lhes impor, para sentir que estava sim, criando algo para eles. Complicado! Muito complicado! Até hoje me pergunto o quê meus filhos achavam verdadeiramente daquilo tudo? Um desvario da mãe enlouquecida? Ou uma forma desesperada de ter algo que não existia mais? Ou outra coisa? Que coisa?!!! beijos.

sábado, 16 de julho de 2011

Eu voltei...

Olá querida! Fui ali mas já estou de volta! Agora preciso achar novamente a linha na meada, achar a emoção certa para poder continuar. Mas vamos lá; estávamos todos no Rio; meu filho mais velho recuperando-se e me recuperando, sua luta, naquele momento, entranhou-se tão forte com a minha que as vezes não sabia onde começava a dele e onde terminava a minha. Tive que aprender com ele, aliás vivo sendo uma eterna aprendiz com meus filhos, como eles têm a nos ensinar e que aprendizado fácil se faz através deles! O outro filho, estava estudando na Austrália e ficou um longo tempo, tempo demais para mim, precisava de sua força por perto, nem ele sabia a força que eu sugava dele; mas era só um garoto e precisava sim se jogar no mundo! Morou em Londres, conheceu e aprendeu vários idiomas, correu a Europa; juntou pedras e com elas está construindo seu castelo!
As minhas meninas; ah! as minhas meninas, são tão diferente, falando só de superficialidades posso dizer sem medo de errar, que são diametralmente opostas; uma vaidosa até o limite do bom senso; a outra sem vaidade quase nenhuma de uma simplicidade atroz; mas ambas são cúmplices, sempre foram e pelo andar da vida serão sempre! Meus filhos se amam! As vezes!!! Então, estávamos todos no Rio, traçando caminhos, percorrendo alguns e voltando para o início quando necessário. E eu??!! Ah! eu no olho do furacão!! Tentando manter a cabeça de fora para respirar e prosseguir, dando voltas e mais voltas para não fazer tantas besteiras, mas mesmo assim as fiz! Deixaram feridas! Mas dai juntei com as que já tinha, arrumei uma linha bem fininha, sedosa e transparente, que é para não deixar muitas marcas, e fui pacientemente, costurando uma a uma! alguma até hoje... outras nem marcas ficou! Juntei a minha nova família, catei nossas coisas, desmanchei mais uma casa e fui traçar uma nova linha em Santa Catarina! Beijos.

sábado, 2 de julho de 2011

Cair e levantar...

Amiga, que tempos ruins foram aqueles! Todos os dias, quando acordava, pensava: "hoje não vou dar conta!" Me vi de um dia para o outro tendo que recomeçar uma vida da qual não tinha a menor idéia por onde, nem como começar. Mas tinha um foco, e foi isso que me ajudou em todo o processo; precisava ajudar o meu filho; orientar e ajudar a passar aquele tormento todo, os outros 3 que estavam comigo; precisava tirar de minhas entranhas forças para que todos tivéssemos um lar novamente, só que agora no Rio, como referencia e estabilidade, já que aquele modelo de lar em que eles estavam sendo criados não existia mais, tinha ficado lá atrás; aquele lar que ajudei a criar e que eles nasceram agora era: a casa do pai com a nova vida dele, mas que evidentemente eles estavam e sempre estarão inseridos; e a nova casa que eu estava criando e onde iríamos morar. Criei um novo modelo de lar, onde não faltaram os erros e acertos inerentes a todo o doloroso processo de recriação de afetos e consolidação de responsabilidades (que forte!), pois é, foi sim forte, doído, muitas lágrimas, rompimento de valores, criação de outros; um tumulto só! E euzinha ali perdida, tendo que definir e dar o norte para 4 adolescentes; todos em fase enlouquecida de se auto afirmar, disputando palmo a palmo comigo para ver quem mandava; de uma vez que quem pediu o divorcio fui eu, então eu que me danasse, e reconstruisse tudo de novo para eles! Certo? Errado! Eu tateava no escuro! Mas aos trancos e barrancos estabeleci o foco principal: estudar sempre! Era o que mais cobrava deles; conversávamos muito, chorávamos juntos e juntos conseguimos moldar um novo conceito de lar e que quem mandava ali era eu e ponto! E assim foi! Bela, lembrei agora, de um dia bem complicado que a minha amiga querida estava lá em casa, e ela interferiu numa discussão dizendo para os meus filhos: " Sei que está difícil para vocês mas podem ter certeza que está bem mais difícil para a mãe de vocês e que por ela ter pedido o divórcio, não pode ficar com todo o ônus, ela ultrapassou limites, tudo que podia para que não chegasse a este ponto ela fez, eu sou testemunha!" Ajudou bastante, saber naquele momento, que alguém enxergava o meu esforço todo. Obrigada amiga, foi bom ouvir aquilo! Aos poucos fomos tecendo novas linhas juntos e fazendo um caminho, fomos pulando obstáculos um após outro, meus filhos e eu, eu e meus filhos! Que fantástico ter filhos como os meus; são fortes, cada um ao seu jeito, são íntegros, são bons, não são medíocres, são gente da melhor qualidade! E são MEUS! Bela que coisa imensurável eu tenho! Meus filhos! Que bom tê-los! beijos.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Linhas paralelas...

Pois é Bela, que burra eu fui por quase toda uma vida. Quando, na minha insana cabeça, transformei nosso encontro de almas e amor em linhas paralelas, esqueci que linhas paralelas não se encontram... elas andam lado a lado! Mas não se ENCONTRAM! Nem no infinito! Mas vida que segue... e eu tinha 4 adolescentes, um precisando muito de atenção especial, não podia me dar ao luxo de enlutar, o luto da separação teria que ficar para depois. E ficou! Para muito depois! Voltei a morar no Rio; me vi de repente numa casa que não era a minha casa, tendo que obstinadamente construir um novo lar para nós e com uma tal liberdade que não sabia o que fazer com ela! Muitos equívocos cometi, em nome de um possível acerto; mas de nenhum me arrependo! A minha casa que me aconchegava como colo de mãe, deixei para trás; com tudo dentro: objetos, realizações, saudades, e lembranças, muitas lembranças, lembranças de uma vida toda. Nunca mais voltei para ela! Amigos? Só ficaram 2, meus queridos amigos de todo o sempre, aquele casal que se apaixonou perdidamente, lembra? Os outros? Eram amigos dele, não meus! Triste constatação! Mas assim que foi. Nessa época li um escrito da Lya Luft, que dizia assim: "A esperança me chama, e eu salto a bordo como se fosse a primeira viagem, se não conheço os mapas, escolho o imprevisto; qualquer sinal é um bom presságio. Seja como for, eu vou, pois quase sempre acredito; ando de olhos fechados, feito criança brincando de cega, mais de uma vez saio ferida ou quase afogada, mas não desisto! A dor eventual é o preço da vida; passagem, seguro e pedágio." Palavras que me fizeram repensar muito em tudo. E eu repensei! beijos.

sábado, 25 de junho de 2011

Desamor...

Diferente de você querida, que perdoa independente de emoção, aliás, você Bela, anistia! O que é mais amplo: perdoar ou anistiar? No seu caso sei a resposta, mas no meu, sem amor não há perdão, sem perdão não há amor, sem amor não tem como conviver; daí vira outra coisa, vira alguma coisa próxima ao desamor e quando ele se instalou de malas e bagagens na minha vida - o desamor - passei a viver uma vida de mentirinha: ele jura que não é verdade e eu finjo que acredito! Sei... é...era isto que vinha fazendo há muito tempo, mas ai ainda tinha amor querida! Lembra? perdão, amor, continuar e blá, blá, blá... E assim vivemos mais alguns anos juntos, foi ficando tudo muito distante, criei um mundo diferente para inserir este desamor, que não sabia como lidar; as vezes pensava: "vai passar e tudo será como antes" Não foi mais! Nunca mais! Mas junto com este sentimento venenoso e cruel veio junto, de brinde, a infelicidade; nem eu poderia fazê-lo feliz e nem ele estava me fazendo feliz. Que nó de marinheiro! Comecei a querer coisas, tipo, presentes, festas, roupas caras, viagens, o carro dos meus sonhos, que ganhei com uma performance digna de princesa com laço vermelho e tudo mais, (mais tarde descobri que nem me pertencia, era do brinca, o tal carrão era da empresa), relógio caro; já não o chamava de amor e sim de "meu filho"; amiga chamar marido de meu filho e muito pior que beijo na testa! Pois é, e assim fomos levando! não fazia mais força nenhuma para salvar porcaria nenhuma de casamento. Um dia precisei ficar um tempo no Rio com os nossos filhos; firmamos o seguinte acordo: "você fica aqui com as crianças - todos adolescentes - e eu fico lá; de 15 em 15 dias eu venho" este acerto deu certo por alguns meses. Quando percebi que ele estava, novamente, envolvido com alguém. Não deu. Não o amava mais. Tinha acabado. Naquele momento especial que estávamos passando, precisávamos muito de união e companheirismo. E ele me faltou! Um dia acordei, ele ainda estava deitado, olhei nos olhos dele e perguntei porque naquela hora? Assim, sem brigas ou alteração de voz. E ele me respondeu que não sabia! Então pedi o divórcio! Só me restou esta saída. Sem amor, companheirismo, cumplicidade, amizade e tesão o que era aquilo? casamento? Ficar junto para usufruir de tudo que conquistamos? Não isto para mim tem outro nome: prostituição. Não faria isto comigo nem com ele, que foi o grande amor da minha vida! Ficaríamos com um bom saldo: 4 filhos maravilhosos e uma história de vida para contar! Que pena! Acabou. Um grande amor acaba. Agora eu sabia! Até hoje me pergunto: como pode um amor tão grande acabar? Pois é para mim o amor não foi eterno, mas foi bom enquanto durou! beijos.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Vários nós...

Bela querida, recordando as nossas viagens e momentos de lazer, sós ou com as crianças, é impossível não passar um filme inteiro na minha cabeça, as vezes colorido outras preto e branco, mas com quase 20 anos de casados, já era possível, quando passava a mão na linha da minha vida, observar e sentir os nós que foram se formando. Vários, de todos os tamanhos, alguns tão apertados que mal passava o fôlego de gato que tenho; necessário desatar alguns para prosseguir viagem nesta linha tão esticada! Mas como fazê-lo? Não sabia! Boba eu, nem sabia que esta linha ainda tinha muito o quê esticar! Hoje, querida, estou melancólica e as idéias estão bem confusas, um embaralhamento só! Acho que é porque tive que lembrar de uma das traições dele que me deixou no chão, rente ao assoalho, e para levantar tive que olhar para os lados, apoiar as mãos com muita força no chão, sentar, olhar para cima e levantar segurando nas paredes; abraçar meus filhos, um por um, sentir o calor deles, beijá-los, olhar bem fundo nos olhinhos deles e... prosseguir! Uma traição dupla, a criatura em questão eu tinha como uma irmã! Esta dupla traição envolveu sentimentos e laços profundos; naquele momento senti que não só os nós estavam se desfazendo, a minha linha estava só um fiapo, um pequeno peteleco... e ela se partiria para todo o sempre! beijos querida, amanhã estarei melhor!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Viagens que...

Nossa primeira viagem foi após 6 meses de casados, fomos visitar minha mãe no sul, até porque ele tinha que conhecê-la, pois é ainda não conhecia! Foi uma delicia! Alugamos um chevette no aeroporto e fomos até onde ficava a casa da minha mãe; nossa primeira viagem!!! foi o máximo! Mas teve uma que foi um horror; estávamos no Rio e resolvemos, junto com minha sogra, irmos até Fortaleza visitar um cunhado que morava lá; o dinheiro muito curto, fomos de ônibus evidentemente, mas pegamos uma gripe 2 dias antes, os três, que mal conseguíamos levantar da cama, mas como perder o dinheiro da passagem e a viagem que tínhamos planejado tanto? E fomos. Até hoje me pergunto o que aconteceu durante aquela viagem, não lembro, passamos os três, as 52 horas!!! Dopados de tanto remédio que tomávamos. Mas as coisas começavam a melhorar e nossas viagens não eram mais tão "sacrificosas", tínhamos mais conforto, hotéis melhores e tudo mais! Com as crianças fizemos viagens maravilhosas, de carro e avião; com direito a tudo que uma viagem com 4 crianças têm, enjoos, brigas entre eles e o pai ter que parar o carro para colocar moral, muita música infantil e as vezes um sufoco doido, feito um que passamos quando o vidro da camionete, sim fizemos isso, transformamos uma camionete em quase casa, era uma delícia! Então o vidro quebrou, BUM o maior estouro e estava garoando, tentamos ficar tranquilos para não assustá-los, e ainda era noite num sábado, foi difícil acharmos alguém para consertar o estrago, mas conseguimos e prosseguimos viagem. A nossa primeira viagem "para fora" foi ARUBA, achamos o máximo, era a primeira vez que saíamos do país, curtimos muito, cada momento! Depois nossas viagens subiram um pouco o padrão, já ficávamos em resorts, conhecemos quase todo o Brasil, sós ou com as crianças, adorávamos viajar! Fizemos várias para Europa e Estados Unidos, em todas nos divertíamos muito, éramos grandes companheiros de viagem; uma vez em Paris, fomos com mais 2 casais, e eles decidiram ficar no hotel, com vinhos e queijos, mas nós não queríamos isso, queríamos cair de boca em Paris, imagina em Paris dentro de um hotel?! Jamais! Pegamos um táxi e fomos para as margens do Sena, andamos, comemos e sobretudo bebemos muito vinho; 4 horas da manhã, os cafés da Champs Elisée fervendo! curtimos tudo que tínhamos direito e voltamos para o hotel. Como chegamos até lá? Só Deus sabe! Enfim nossas viagens todas foram inesquecíveis, nos divertíamos de verdade; grandes companheiros que éramos!!!Nós nos bastávamos! Muito bom! beijos.

domingo, 19 de junho de 2011

Medida certa?

Bela querida, não sei em que ponto da nossa vida fui assumindo todas as responsabilidades na criação de nossos filhos, foi acontecendo...acontecendo e me tornei a única responsável por toda orientação, educação e formação moral deles; e eles cresceram, tornaram-se naquela coisa indecifrável que se chama adolescente, Deus meu como precisei do meu marido junto nessa fase dos meus filhos! Quantos equívocos cometi. Dai ficou "meio" implícito: eu banco, você cria e educa! cruel isso até não poder mais! Mas foi assim que foi. Naquela época, na cidade não havia tão boas escolas, e queríamos o melhor, lembra? pois é, então as famílias que tinham uma condição econômica melhor, mandavam os rebentos para estudar fora, nas ditas escolas melhores, era praxe; até existia uma concorrência, velada claro, para ver quem tinha os filhos estudando em escolas de renome no país. Conosco não foi diferente, mandamos, um após outro, estudar no Rio; minha sogra morava lá, num bom apartamento que tínhamos, depois de algum tempo todos estavam estudando em boas escolas no Rio e minha sogra se viu aos quase 70 anos convivendo e tomando conta de 4 adolescentes, olha ai um dos grandes equívocos que cometi! até hoje peço perdão a ela, isso não se faz nem com seu pior inimigo e fiz com ela que gostava tanto! Enquanto isso... ficamos aqui só os dois. Bela, vou contar-lhe algo que, ainda não tinha lhe falado: meu marido tornou-se, por méritos próprios, uma pessoa que fez e faz ainda, a diferença; gera empregos, ajudou sim numa escala pequena, mas ainda assim importante para a transformação da cidade; ocupou cargos que o colocou em evidência, aliás, evidência essa com ônus e bônus e suas traições tornaram-se mais e mais frequentes, sim querida! descobri a primeira traição quando estava grávida do nosso primeiro filho; foram tantas pelo caminho! todas eu soube! quanto tempo durou e com quem era; as vezes nas recepções e festas sentávamos cara a cara, euzinha e a da vez. Muitas brigas houveram, todas (traições) perdoadas e reconciliações com muitas juras de amor e promessas que isso nunca mais iria acontecer, as vezes acompanhadas de uma bela e valiosa joia ou viagem para a Europa ou Estados Unidos! Quanta hipocrisia? não Bela eu o amava muito e perdoava. Enquanto se ama a gente perdoa sim. Algumas eram tão descaradas que ligavam para casa perguntando se era verdade que a gente ia ou estava separando! No mínimo ele dizia aquelas coisas que homem casado diz: "meu casamento é de fachada, minha mulher não quer me dar o divórcio e blá blá blá..." E elas prontamente ligavam para confirmar! História velha, manjada, antiga mas mais comum do que a gente pensa. E a gente torna-se descaradamente hipócrita, ou pra alguns "coitada se acha e não sabe os chifres que leva!" bobagem sempre sabemos dos nossos chifres, de onde vêm e até quanto tempo duram, depende de quem for a da vez, as vezes duram um pouquinho mais! beijos.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Esticando a linha...

E desse esticamento fizemos a ponte para a nossa história; trabalhamos muito, mas muito mesmo! Teve uma época que ele teve 3 empregos, a mim cabia trabalhar, também é claro, cuidar da casa, dele e dos quatro filhos que fomos tendo pelo caminho. A jornada era extenuante, o cansaço físico era evidente, mas com tão maravilhosas criaturinhas que tínhamos colocado no mundo tudo era mais fácil, até se desdobrar em mil valia. Com tanto esforço de trabalho, fomos crescendo profissional e economicamente. Já tínhamos uma casa maior, com mais conforto que nos abrigava como colo de mãe, aquela casa que nossos filhos nasceram e cresceram tornou-se, para mim, um porto seguro, um abraço gostoso da vida, não precisava de mais nada, achava que o que tínhamos já era o suficiente; segurança de uma boa casa própria, o fruto de muitos anos de trabalho em forma de uma empresa sólida e próspera, que com isso nos dava a segurança de podermos educar nossos filhos, em boas escolas e em melhores condições das que estudamos. Eram crianças, ainda, mas vislumbrávamos uma vida de grandes realizações para todos eles, uma vida que pudessem ter tudo aquilo que não tivemos, afinal era para isso que trabalhávamos tanto. A infância dos meus filhos Bela, foi uma infância deliciosa, dito por eles, muitos primos, os irmãos e amiguinhos, cujos pais também eram nossos amigos; lembro de todos eles que passaram pela minha casa, muitos considero por toda vida, como se fossem meus, e a amizade com meus filhos continua para todo o sempre. Várias lembranças vieram com uma força brutal nesse momento; lembro tão nítidamente do meu filho mais velho e a filha da minha amiga, aquela Bela, que conheci ainda no Rio, a da calça branca c a blusa dourada, lembra? nasceram com pouco tempo de diferença, foram criados muito juntos, morávamos uma em frente a outra, e meu filho e a filha dela brincavam muito, brincavam até... ele começar a cantar "periquita maracanã cadê tua nhánhá", até hoje não sei porque ele cantava e porque ela chorava. Era muito engraçado. A minha amiga teve um menino, lindo, que junto com minha filha mais nova formavam uma dupla e tanto, só queriam estar onde o outro estivesse; a pergunta se "ele vai, mãe?" ouvi infinitas vezes. O meu outro filho homem, um moreno que está hoje em dia, igualzinho quando conheci o pai dele, tem amigos daquela época até hoje, ainda, jogam as indefectíveis peladas; a minha outra filha mulher, ainda é a mesma patricinha de sempre, não sei a quem ela puxou! Ficava uma fera quando os irmãos diziam que era patricinha, não sei porque ela ficava tão enfezada? isso para ela era uma ofensa! Vai entender, crianças! Bela poderia ficar falando aqui sobre as minhas crianças e seus amiguinhos por muito tempo, mas vou poupá-la dessa parte, que na verdade só quem gosta é a mãe que conta. Pois é tivemos 2 filhos e 2 filhas, quando saíamos de férias parecia uma excursão, mas era tão bom! Oh tempo bom... e tinha os primos e primas que para mim era como se fossem meus filhos também, como a família era grande a filharada também, eram aos montes, uma confusão de menino que não acabava mais! Mas, também, era e é de doces lembranças, lembranças para toda uma vida! beijos

terça-feira, 14 de junho de 2011

Conflitos de quereres

Tínhamos sim uma vida para construir, para idealizar, tínhamos uma vida para vivermos juntos, não foi isso que o padre tinha dito: Até que a morte os separe! Então vamos vivê-la. Após a cerimonia foi servido um almoço na casa do meu cunhado, a maioria dos convidados não conhecia,coisa simples; como também tinha sido a cerimonia de casamento, minha roupa foi confeccionada pela minha sogra, que era uma exímia costureira, e o horário 10 horas da manhã, poucos convidados, basicamente a família dele, que aliás, era o suficiente para quase encher a igreja, uma família grande (ai que invejinha!), minha sogra tinha 8 filhos - 6 homens e 2 mulheres - todos casados com filhos o único solteiro tinha acabado de casar comigo. Isso gerou na família dele alguns comentários bem maldosos, tipo: "não tinha que casar agora; tinha que ajudar a mamãe e ainda mais com uma moça que a gente nem conhece, não sabe nem de onde vem. Cadê a família dela, não tem ninguem aqui!" Esqueci de dizer Bela, que ele era o caçula, que tinha acabado de formar, com um emprego ótimo, que pela primeira vez estava ganhando o dinheiro dele. E casar agora! Se tinham razão, veremos depois. Após o almoço fomos para NOSSA casa; uma casa até bem confortável, num bairro novo que estava sendo construído de pouco. Bela esqueci de falar do impacto que tive quando cheguei na cidade dele, uma cidade pequena no coração pulsante e verde da amazônia, uma cidade de poucas ruas asfaltadas, com infraestrutura escassa, mas ele tinha "pintado" um quadro tão horrível da cidade que quando cheguei não achei tão ruim. Teve algo que criou em mim um impacto tão grande, mas tão grande, que até hoje me surpreendo em sentí-lo: o verde daqui é diferente, é um verde escandaloso, exuberante, agressivo e lindo. Não há em lugar nenhum, que já andei, um verde como esse! E era aqui que minha história seria escrita. Quando conheci a familia dele me chamou atenção a quantidade de crianças, vários sobrinhos e eles me chamavam de...tia! Isto para mim teve o peso de um afeto nunca recebido, me apaixonei imediatamente e irremediavelmente por todos para toda vida. Eu estava entrando para uma família enorme e unida, achei assustador: saberia lidar com tudo isso? Alguns equívocos foram cometidos, dos dois lados, mas todos resolvidos ao longo do tempo. O fato é que a partir daquele momento "adotei" , amei e amo até hoje aquela família que tinha me dado um grande presente: gente e afeto. Tenho todos; cunhados, cunhadas e respectivos companheiros e companheiras, sobrinhos e sobrinhas, todos sem faltar nenhum dentro do meu coração como se eu, sempre, a vida toda tivesse pertencido a eles, gosto desta familia que considero a minha família para todo o sempre. Então Bela, fomos para nossa casa, que era a terceira a ser ocupada no conjunto que estava sendo construido, não havia asfalto, era rua de barro mesmo, quando chovia tínhamos que deixar o carro bem longe, colocar plásticos nos pés para chegarmos limpos no trabalho. Mas o que estava nos aturdindo era que nunca tínhamos morado juntos, namoramos 2 anos cada um na sua casa; morar junto é complicado! Espaços e individualidades têm que serem mantidos, mas como se faz isso? Tivemos brigas muito feias, alguma coisa não estava se encaixando e não sabíamos o quê era. Enquanto namorados nunca, mas nunca mesmo, brigamos, a gente se dava super bem, porque agora estávamos brigando loucamente? Foi um longo e solitário caminho até entrarmos em harmonia novamente. O que foi feito? Não sei. Penso que estabelecemos uma rotina confortável e com amor. Mas a fórmula não achamos, apenas fomos vivendo e conversando. E assim a nossa história estava sendo escrita. beijos.

domingo, 12 de junho de 2011

Fui ali...

Mas já voltei. Bela quando estava andando pelo corredor da catedral, de braços dado com meu cunhado, uma imagem tornou-se tão viva em minha mente que ri, um riso escancarado, os convidados devem ter pensado "essa moça está rindo tanto de quê?" Eu ri de nós! Duas meninas sentadas na pracinha, gazetando aula e falando de nossas tão importantes preocupações: qual seria a próxima música dos Rolling Stones e será que a dos Beatles será melhor? até onde poderíamos subir nossas saias sem causar tanto escândalo na diretora do ginásio? e que rapaz era aquele que estava colocando a Banda dele na rua, que olhos eram aqueles? duas petecas verdinhas que nos fez sonhar por muito tempo! Mas também tínhamos nossos sonhos particulares, aqueles que sonhávamos bem escondidas, as vezes tão escondido que até para nós mesmas tínhamos dificuldades de revelar; os seus eram tão lindos Bela, tão cheios de horizontes infindos, um mundo que para mim parecia tão distante, mas para você não! Você o enxergava ali, bem ali ao alcance da suas mãos, era só uma questão de tempo! O que você queria estava bem delineado bastava você crescer e estudar um pouco mais. Os meus eram tão prosaicos, não era atoa que as vezes você me chamava de alienada: "querer só isso da vida? um grande amor, uma família grande, um monte de filhos; e quando eles crescerem você ter uma mesa bem grande, com você numa ponta e ele na outra, e ao redor: filhos, filhas, genros, noras, netos e netas e quem mais chegar? só isso que você quer? É muito pouco!" Você decretava do alto da sua sapiência juvenil e cheia de sonhos de um mundo melhor! Pois é Bela rí disso, enquanto entrava na igreja e já não achava tão prosaico assim meus antigos sonhos juvenis; sonhos estes sonhados por nós. Você fazia parte de uma família grande, talvez por isso meus sonhos pareciam tão aterrorizantes para você; mas eu não. Não pertencia a família nenhuma, ou melhor, éramos somente minha mãe, meu padrasto e eu e um monte de irmãos que não me queriam por perto, afinal eu era a prova viva que o pai deles e a minha mãe tinham traído seus respectivos cônjuges, eu era a prova dos cornos que eles tinham levado! Então meus irmãos, tanto da parte de mãe quanto da parte de pai, não me davam a mínima. Por isso amiga a ideia fixa de ter um monte de filhos e uma família só minha e bem grande. Entendeu o riso na igreja? Era felicidade na veia! Estava começando a concretizar o meu sonho, estava casando com o homem da minha vida! Dai é vida que segue, e história que se escreve, linhas que são definidas e nós tínhamos uma para escrever, sonhar e construir. E construímos...literalmente!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Inesquecível

E foi assim Bela, que fui pedida em casamento! Uma noite linda de verão no Rio, você tem noção amiga, o que é ser pedida em casamento pelo homem que você ama, numa linda noite de verão no Rio de Janeiro? É o que chega mais perto da felicidade plena! Como se o universo todo estivesse conspirando para que só você fosse feliz; naquela noite ninguém mais seria, só eu! Mas... o dia amanheceu e a realidade bateu na minha cara de forma abrupta e eu tinha uma decisão séria a tomar. Eis a linha da vida se esticando toda novamente! Caso ou deixo a carreira que tanto fiz por merecer? Claro que caso e sigo o homem da minha vida até os confins oeste do Brasil! Combinamos que ele iria na frente, para preparar casa e tudo mais; enquanto isso ia pedir demissão do emprego e ir na casa da minha mãe avisá-la que ia casar e ir morar muito longe. E assim foi feito, em 3 meses estávamos novamente juntos na cidade dele; cheguei num dia de jogo da seleção e fomos direto para a casa de uns amigos dele, que eu não conhecia; tomei um susto enorme com tamanha irreverência da galera; mais uma linha estava sendo traçada naquele momento, aquelas pessoas que eu havia acabado de conhecer, muitas fizeram, outras ainda fazem parte da minha história até hoje! Então... no dia 15 de julho de 1978 casamos, quando entrei na igreja, pelas mãos do meu cunhado e olhei aquele rapaz me esperando no altar, pensei... "o meu destino está totalmente trançado junto com o dele. Que Deus nos ajude" E Ele ajudou! beijos.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Sepa!!!!???

Bela querida não era desta "sepa" que vinha minha sogra mas sim desta CEPA, da melhor qualidade! Eu sempre apressada! Ainda tenho o péssimo hábito de não ler o que escrevo, escrevo e "bum" mando, dai acontece estas barbaridades. Hoje querida vou ficar devendo a continuação, vou ter que desatar mais alguns nózinhos para continuar, até... beijos.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Continuando...

Quando conheci minha sogra, fiquei temerosa, acho que toda namorada fica! Ainda mais no estado em que estava, imagina! Mas depois de muito tempo fui perceber que ela era uma pessoa muito séria pelos acontecidos da vida, seus olhos transmitiam muita dor e sofrimento acumulados; a vida tinha sido muito dura com ela, e ela foi secando de emoções e ...afetos? Ela os tinha sim, não sabia expressar, mas tinha sim! Aprendi a gostar muito desta mulher forte, feita da melhor sepa; que enfrentou a vida com muitos filhos para criar e os criou muito bem. Tinha imenso afeto e admiração por ela; até hoje me faz falta! Ao longo do tempo fui descobrir de onde vinha a imensa dificuldade que o meu namorado tinha de dizer TE AMO, o bloqueio era tanto, que muitas vezes cheguei a duvidar se ele realmente me amava. Quando disse pela primeira vez foi um acontecimento emocional muito forte para ele, depois, costumava dizer que tinha aprendido a dizer TE AMO comigo. Que bom que pude ensiná-lo a dizer! Bela, nosso namoro era muito feliz, éramos companheiros, nos amávamos muito e sobretudo ríamos muito - embora o humor dele não fosse lá essas coisas dava p darmos boas risadas! E vida que segue... Eu tinha uma espada sobre a minha cabeça: a formatura estava próxima e com ela a volta dele p sua terra. E euzinha? O quê fazer? jamais iria perguntar. Deixei rolar, resolvi não pensar no amanhã; estava feliz como nunca tinha sido antes, vamos deixar assim, viver com intensidade o quê tem para hoje (refletia eu c meus botões). Mas ai, o destino, sempre ele! Se encarregou de esticar a minha linha, e como esticou bem: recebi uma proposta de aperfeiçoamento na matriz do banco, nos Estados Unidos. Olha que linha ou melhor isto me pareceu mais uma corda bamba! Quando falei para ele ficamos ambos nos olhando profundamente, como se nossos olhos pudessem nos dar a resposta certa para tal situação. Doeu em mim e doeu nele! Agora a separação estava tão palpável que quase podíamos pegá-la com as mãos. Resolvemos, num acordo sem palavras, implícito nas nossas atitudes, vivermos esses dias com alegria e curtir muito as solenidades da formatura dele, afinal ele merecia, estudou com tanto sacrifício; e minha sogra também precisava dessa alegria. E assim foi! Nos divertimos a valer, como mostra as fotos do albúm, nossa alegria estava evidente. Quando olho aquelas fotos, penso: que destino caprichoso este! um garoto do oeste do Brasil e uma garota lá do sul, encontrando-se numa faixa do País onde quase se cai no mar, alguma coisa boa tem que sair daqui. E saiu... beijos Bela.