domingo, 12 de junho de 2011

Fui ali...

Mas já voltei. Bela quando estava andando pelo corredor da catedral, de braços dado com meu cunhado, uma imagem tornou-se tão viva em minha mente que ri, um riso escancarado, os convidados devem ter pensado "essa moça está rindo tanto de quê?" Eu ri de nós! Duas meninas sentadas na pracinha, gazetando aula e falando de nossas tão importantes preocupações: qual seria a próxima música dos Rolling Stones e será que a dos Beatles será melhor? até onde poderíamos subir nossas saias sem causar tanto escândalo na diretora do ginásio? e que rapaz era aquele que estava colocando a Banda dele na rua, que olhos eram aqueles? duas petecas verdinhas que nos fez sonhar por muito tempo! Mas também tínhamos nossos sonhos particulares, aqueles que sonhávamos bem escondidas, as vezes tão escondido que até para nós mesmas tínhamos dificuldades de revelar; os seus eram tão lindos Bela, tão cheios de horizontes infindos, um mundo que para mim parecia tão distante, mas para você não! Você o enxergava ali, bem ali ao alcance da suas mãos, era só uma questão de tempo! O que você queria estava bem delineado bastava você crescer e estudar um pouco mais. Os meus eram tão prosaicos, não era atoa que as vezes você me chamava de alienada: "querer só isso da vida? um grande amor, uma família grande, um monte de filhos; e quando eles crescerem você ter uma mesa bem grande, com você numa ponta e ele na outra, e ao redor: filhos, filhas, genros, noras, netos e netas e quem mais chegar? só isso que você quer? É muito pouco!" Você decretava do alto da sua sapiência juvenil e cheia de sonhos de um mundo melhor! Pois é Bela rí disso, enquanto entrava na igreja e já não achava tão prosaico assim meus antigos sonhos juvenis; sonhos estes sonhados por nós. Você fazia parte de uma família grande, talvez por isso meus sonhos pareciam tão aterrorizantes para você; mas eu não. Não pertencia a família nenhuma, ou melhor, éramos somente minha mãe, meu padrasto e eu e um monte de irmãos que não me queriam por perto, afinal eu era a prova viva que o pai deles e a minha mãe tinham traído seus respectivos cônjuges, eu era a prova dos cornos que eles tinham levado! Então meus irmãos, tanto da parte de mãe quanto da parte de pai, não me davam a mínima. Por isso amiga a ideia fixa de ter um monte de filhos e uma família só minha e bem grande. Entendeu o riso na igreja? Era felicidade na veia! Estava começando a concretizar o meu sonho, estava casando com o homem da minha vida! Dai é vida que segue, e história que se escreve, linhas que são definidas e nós tínhamos uma para escrever, sonhar e construir. E construímos...literalmente!

Nenhum comentário:

Postar um comentário