domingo, 5 de junho de 2011

com açúcar e pimenta

Assim vivíamos, um namoro bom, tranquilo, com afeto, amor, claro muito tesão; afinal tínhamos vinte e poucos anos. Todo lugar era lugar, toda hora era hora, nos finais de semana, que revezávamos, um ele descia, outro eu subia - a serra! Era muito bom! E fomos ficando cada vez mais ligados e próximos, coisa que só o amor faz: aproximar e um querer mais sem fim. Não tínhamos dinheiro, era tudo contado e rachado, no meu trabalho ganhava relativamente bem para a minha função; mas na verdade nunca fui muito boa nesta coisa de lidar com o víl metal; também tinha que sobreviver, mas sobreviver amando não é tão difícil. Ele era um estudante que também tinha dificuldades, seu dinheiro também era contado; o irmão mais velho (pessoa que adoro até hoje) era quem bancava tudo e com honestidade ele assim vivia; além do irmão que morava na clínica, outro irmão (a personificação do bem) também morava no Rio, mas este por ser mais velho que ele, tinha outra turma já era noivo, e fez a opção de trabalhar ao invés de estudar, sempre que recebia o salário passava no apartamento do meu querido e deixava um dinheirinho, era uma festa! era dia que a gente comia uma salada esperta no Ventura (um pé meio sujo) que tinha (não é que ainda está lá até hoje!) na nossa rua, mas a salada era enorme e muito gostosa ou senão rachávamos um galeto no Presidente, este não existe mais, o metrô precisava passar, ou então fazíamos alguma coisa no ap, ap não é bem assim... um espaço tão exíguo mas que cabia muita gente; quando sentiam o cheiro de comida vinda do ap deles, era um chegar de gente que não parava mais, e o mais impressionante é que a comida - e a bebida - dava para todos. No trabalho eu ia bem, aproveitava todas as chances e cursos de aperfeiçoamento que o banco promovia. O banco subsidiava, para nós, ingressos para espetáculos e peças que estivessem em cartaz, e só por isso eu e ele fomos ao teatro pela primeira vez; e começamos bem, a primeira peça que assistimos foi A Ópera do Malandro, olha o elenco: Marieta Severo, Otávio Augusto e Elba Ramalho, que naquela época era atriz e não cantora, os outros não lembro. Mas foi aí que começamos adorar teatro. Você está estranhando tanta escrita? Não estranhe não Bela! Hoje é domingo, dia de banzo, lembra? e escrever p você me faz tão bem! Se você achar que é muito,leia em duas partes! São tantas lembranças, é aquela história, vai tirar esqueletos do armário!! Eles não param mais, querem sair todos ao mesmo tempo, criando um p...engarrafamento de palavras e emoções que não sei como parar! Teve um episódio, Bela, que me fez lembrar demais de você: quando conheci a mãe dele, tínhamos que buscá-la no aeroporto, antigo Galeão, é ... aquele mesmo que você partiu para o seu exílio! Como lembrei... Mas então fomos; me fiz bonita até onde podia, só que caiu uma chuva daquelas, e a gente ia de ônibus, chegamos no Galeão eu parecia uma pata molhada, toda borrada, uma coisa! E desce aquela senhora séria, simples mas elegante por natureza: "Mãe está aqui é minha namorada" "muito prazer" e aquela olhada de cima até os pés, pensa na desfigura que eu estava, pois é, é assim mesmo! Fazer o que era o quê tinha para aquele momento! beijos.

Um comentário:

  1. Ai que inveja, você viu a ópera do malandro com a Marieta Severo, que maravilha deve ter sido. :) beijosss

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