terça-feira, 14 de junho de 2011

Conflitos de quereres

Tínhamos sim uma vida para construir, para idealizar, tínhamos uma vida para vivermos juntos, não foi isso que o padre tinha dito: Até que a morte os separe! Então vamos vivê-la. Após a cerimonia foi servido um almoço na casa do meu cunhado, a maioria dos convidados não conhecia,coisa simples; como também tinha sido a cerimonia de casamento, minha roupa foi confeccionada pela minha sogra, que era uma exímia costureira, e o horário 10 horas da manhã, poucos convidados, basicamente a família dele, que aliás, era o suficiente para quase encher a igreja, uma família grande (ai que invejinha!), minha sogra tinha 8 filhos - 6 homens e 2 mulheres - todos casados com filhos o único solteiro tinha acabado de casar comigo. Isso gerou na família dele alguns comentários bem maldosos, tipo: "não tinha que casar agora; tinha que ajudar a mamãe e ainda mais com uma moça que a gente nem conhece, não sabe nem de onde vem. Cadê a família dela, não tem ninguem aqui!" Esqueci de dizer Bela, que ele era o caçula, que tinha acabado de formar, com um emprego ótimo, que pela primeira vez estava ganhando o dinheiro dele. E casar agora! Se tinham razão, veremos depois. Após o almoço fomos para NOSSA casa; uma casa até bem confortável, num bairro novo que estava sendo construído de pouco. Bela esqueci de falar do impacto que tive quando cheguei na cidade dele, uma cidade pequena no coração pulsante e verde da amazônia, uma cidade de poucas ruas asfaltadas, com infraestrutura escassa, mas ele tinha "pintado" um quadro tão horrível da cidade que quando cheguei não achei tão ruim. Teve algo que criou em mim um impacto tão grande, mas tão grande, que até hoje me surpreendo em sentí-lo: o verde daqui é diferente, é um verde escandaloso, exuberante, agressivo e lindo. Não há em lugar nenhum, que já andei, um verde como esse! E era aqui que minha história seria escrita. Quando conheci a familia dele me chamou atenção a quantidade de crianças, vários sobrinhos e eles me chamavam de...tia! Isto para mim teve o peso de um afeto nunca recebido, me apaixonei imediatamente e irremediavelmente por todos para toda vida. Eu estava entrando para uma família enorme e unida, achei assustador: saberia lidar com tudo isso? Alguns equívocos foram cometidos, dos dois lados, mas todos resolvidos ao longo do tempo. O fato é que a partir daquele momento "adotei" , amei e amo até hoje aquela família que tinha me dado um grande presente: gente e afeto. Tenho todos; cunhados, cunhadas e respectivos companheiros e companheiras, sobrinhos e sobrinhas, todos sem faltar nenhum dentro do meu coração como se eu, sempre, a vida toda tivesse pertencido a eles, gosto desta familia que considero a minha família para todo o sempre. Então Bela, fomos para nossa casa, que era a terceira a ser ocupada no conjunto que estava sendo construido, não havia asfalto, era rua de barro mesmo, quando chovia tínhamos que deixar o carro bem longe, colocar plásticos nos pés para chegarmos limpos no trabalho. Mas o que estava nos aturdindo era que nunca tínhamos morado juntos, namoramos 2 anos cada um na sua casa; morar junto é complicado! Espaços e individualidades têm que serem mantidos, mas como se faz isso? Tivemos brigas muito feias, alguma coisa não estava se encaixando e não sabíamos o quê era. Enquanto namorados nunca, mas nunca mesmo, brigamos, a gente se dava super bem, porque agora estávamos brigando loucamente? Foi um longo e solitário caminho até entrarmos em harmonia novamente. O que foi feito? Não sei. Penso que estabelecemos uma rotina confortável e com amor. Mas a fórmula não achamos, apenas fomos vivendo e conversando. E assim a nossa história estava sendo escrita. beijos.

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