sábado, 23 de julho de 2011

Meu baú...

Havia muito tempo não remexia no meu baú. É eu tenho um baú, lindo, grande, de sândalo, todo trabalhado com desenhos arabesques e forrado de veludo vermelho. Nele guardo coisas lindas e preciosas, preciosas claro só para mim! São desenhos de meus filhos quando estavam aprendendo a ler; cartinhas memoráveis escritas com uma letrinha, ainda, trêmula e sem nenhum compromisso com a ortografia, verdadeiras pérolas; cadernos de jardim I, II de todos eles; provinhas; trabalhos bem "elaborados"; as indefectíveis mãozinhas em decalques coloridos; agendas diários das meninas (claro que nunca li, juro!) cartões de dia das mães e dos pais; preciosidades de toda natureza! Este baú foi um dos presentes do meu ex marido, juntamente com um quadro e alguns tapetes, que guardo com muito zelo e espero guardá-los por toda uma vida; me são muito valiosos. Junto com a remexida do baú, que evidentemente, não guardo só as coisinhas de meus filhos; guardo, também, coisas outras que me fez lembrar e sentir saudades de uma época, de quando casada; as flores! Pois é Bela, me dei conta que sinto muitas saudades das flores! Ah! Como recebia flores! Quando era meu aniversário então... um dia antes a minha querida empregada, ainda falaremos dela, começava a descer os vasos, já sabia que no dia seguinte a casa ficaria toda florida. E não estou falando daquelas flores que compramos em supermercado, que a gente vai passando e coloca no carrinho; não!!! eram flores que as pessoas iam na floricultura e escolhiam qual delas iriam me mandar e o florista entregar na porta. Eu as recebia e procurava logo o cartãozinho para saber de quem eram. Pois é alguns destes cartõezinhos ainda estão no meu baú! Entendeu o ataque de banzo! Pois é tenho desavergonhadamente saudades de receber flores; daquelas de floricultura com florista entregando e tudo! Pronto falei! Nem tenho saudades das jóias que meu ex mandava junto com algumas das mais lindas rosas que já recebi. Aliás as jóias, vendi-as todas, não sobrou nenhuma! Comprei dólares e passei uma semana em Nova York, batendo perna por Manhantan, comendo lagosta no The Palm da Segunda Avenida, escorregando na neve do Village e entrando em cada lojinha do Soho, quando acabou o dinheiro, vim embora! Nunca mais voltei a Nova York. Mas também ninguém morre porque não pode voltar a Nova York!!!Sabia, lá dentro, bem lá dentro, que isto não iria acontecer tão cedo, sabia das linhas tortuosas e frágeis que estavam por vir. E vieram! Das jóias que vendi ficou apenas a minha aliança, levei muito tempo para conseguir tirá-la do dedo.Que símbolo poderoso! Até que uma noite, olhando tv, meus filhos dormindo, tirei-a do dedo e sem titubear joguei-a pela janela do décimo segundo andar! Tomara que quem achou tenha feito bom proveito! Olha o que uma simples remexida de baú faz!!! beijos.

Um comentário:

  1. Quero entender como alguem consegue escrever tão bem...Ao ler sua memorias, me sinto como se estivesse vivenciando seus sentimentos, me da vontade de chorar, de rir, realmente me emociona...E não sei se por conhece-la tão bem, lhe vejo em cada palavra, realmente lhe vejo..cada sorriso, cada lagrima...Um grande abraço nesse coração tão grande e lindo. Camila.

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