quarta-feira, 29 de julho de 2015

Realidade estranha

Quando começou o estranhamento não sei precisar, mas foi chegando, de mansinho dia após dia; hoje não sinto vontade de fazer quase nada, tenho preguiça. Encolhi emocionalmente, encolhi fisicamente e será que mentalmente também? Dai fica ruim. Minhas emoções estão voltadas quase sempre nas lembranças do passado. Outro dia li ou ouvi que " hoje vivo embrulhada nas minhas lembranças e sou feliz assim". Estou lembrando muito de coisas da vida quando criança, adolescente e adulta, coisas que me fizeram muito mal e que pensei nunca lembrar; pois pensei e lembrei! Com tal nitidez que impressionou, tratei delas com paciência e as afastei para bem longe, para sempre espero! Tenho uma amiga que traça ou traçava seus sonhos, meticulosamente, numa agenda. Alguns, tenho certeza, se concretizaram e o que será que ela fez com aqueles que não deram certo? Os meus não foram traçados em papel, todos estavam aqui na minha cabeça. Se bem que tenho uma lacuna extensa, cheia de pontinhos que não consigo preencher, parece que não era eu, na verdade era como se fosse uma espectadora de mim mesma. Dai surge o estranhamento: não era assim, não era para ser desse jeito, combinei com a vida que seria de outra forma, mais suave, mais aconchego, mais vida, mais tudo. Me enganei, com a vida não se faz acordos. De estranhamento em estranhamento vou vivendo e me adaptando. Mas não era assim que era para ser, não mesmo. Mas sou teimosa: vou tentar mais uma vez fazer um acordo com a vida, vou vivê-la até o fim, do jeitinho que ela quiser. Ah, e vou vivê-la em paz! Mesmo que para isso tenha que passar a limpo muito do que vivi.

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